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Desinteresse dita extinção de associação de defesa do património da Póvoa
António Nabais (à direita) foi um dos fundadores da Dom Martinho e era actualmente o presidente da direcção

Desinteresse dita extinção de associação de defesa do património da Póvoa

Dom Martinho tem reunido desde 1995, data da sua fundação, um importante espólio documental e patrimonial sobre as raízes da Póvoa de Santa Iria, que agora ficam sem dono. Ideia passa por entregar a gestão à câmara municipal.

A associação Dom Martinho, dedicada à defesa e valorização do património histórico e cultural da Póvoa de Santa Iria, fechou portas no início de Novembro por falta de sócios interessados em dar continuidade ao seu trabalho.
A decisão de extinguir a associação foi tomada em Outubro em assembleia-geral, onde apenas compareceram nove dos 50 sócios da colectividade. A extinção foi aprovada com cinco votos a favor, dois votos contra e duas abstenções. O fundador e último presidente da Dom Martinho, António Nabais, foi um dos que votou contra e confessa a O MIRANTE a sua tristeza por ver acabar uma associação importante daquela cidade. “É inconcebível que se decida a extinção de uma associação de valorização e defesa do património. Deve ser caso único na Europa, é perfeitamente incrível e inadmissível”, lamenta.
Desde 14 de Junho de 1995, data da fundação da associação, que a Dom Martinho se dedicava a investigar, revelar, defender e promover a história, património natural, edificado e identidade cultural da Póvoa. Estava a ser um promotor activo de encontros de poetas, lançamentos de livros e apresentação de debates e de acções de consciencialização para a defesa do património da cidade que se continua a degradar, como a Lapa do Senhor Morto.
“Foi um definhar prolongado. Admito que possa ter havido uma falta de dinâmica da parte dos dirigentes, mas incompreensivelmente nem para a assembleia que decidiu o futuro da associação apareceu a totalidade dos corpos gerentes. Ninguém quis comparecer para dar nova dinâmica à associação e tivemos de fechar. É uma perda imensa para a cidade”, lamenta António Nabais.
A associação, tal como O MIRANTE deu a conhecer em 2013, mantinha um núcleo museológico importante no palácio da Quinta da Piedade na Póvoa de Santa Iria. Para que o espólio não fique sem dono, António Nabais diz que foi proposto ao município ficar a gerir esse património. Com a condição de ele se manter onde está e não sair da Póvoa, explica o dirigente, que ainda sonha reunir apoios para formar uma outra associação que prossiga o trabalho feito pela Dom Martinho.
Os serviços municipais estão ainda a avaliar de que forma é que essa integração poderá ser feita. Para já, as chaves do núcleo foram entregues à junta de freguesia.

“Um momento triste para a cidade”
Para o presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Jorge Ribeiro, o fim da Dom Martinho representa “um momento triste” que vem empobrecer o associativismo daquela cidade. “É triste porque deixa de fazer um trabalho que mais ninguém fazia. Isto deve servir de alerta e fazer reflectir todo o restante movimento associativo. É importante que os dirigentes se renovem. Muitas associações ainda funcionam porque são sempre os mesmos a mantê-las”, lamenta o autarca a O MIRANTE.

Desinteresse dita extinção de associação de defesa do património da Póvoa

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