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“O Tejo parece não fazer parte de um mundo que devia ser de todos nós”
Orlando Ferreira Engenheiro Civil, 66 anos, Administrador Executivo da Rodoviária do Tejo, SA, Torres Novas

“O Tejo parece não fazer parte de um mundo que devia ser de todos nós”

Orlando Ferreira Engenheiro Civil, 66 anos, Administrador Executivo da Rodoviária do Tejo, SA, Torres Novas

Somos melhor atendidos no Serviço Nacional de Saúde ou nas Finanças?
O SNS continua (ainda) a gerar confiança na maioria dos cidadãos. A confiança não se decreta nem se proclama, constrói-se com o tempo e o SNS tem vindo a fazê-lo de forma exemplar. Em todas as grandes intervenções cirúrgicas a que já fui submetido, e já foram algumas, sempre me senti muito bem atendido e seguro. Parabéns ao SNS. No que se refere às Finanças, de um modo geral, alguma arrogância e a falta de empatia na prestação dos seus serviços não podem nunca gerar igual confiança.
O que gostaria de perguntar ao Governo relativamente à sua área de actividade?
No Programa do actual Governo (Capítulo I.II.6. página 24) está escrito que, por forma a reforçar os poderes das entidades intermunicipais em matéria de transportes, o Governo irá “transferir a propriedade total ou parcial das empresas operadoras de transporte colectivo para as entidades intermunicipais (ou para os municípios que as integram), nos termos que com estas venham a ser acordados”. A minha pergunta, seria: “Num Estado que devia remar menos e pilotar mais, o que se pretende afinal com esta surpreendente declaração de transferência de propriedade que o Governo irá efectivar?”
Já comprou ou pensou comprar um automóvel eléctrico?
Apesar de não emitirem gases para o ambiente, de não necessitarem de combustíveis fósseis e de permitirem um mundo mais silencioso, a sua baixa autonomia não colocou ainda essa aquisição na minha agenda decisional. Só a hipótese de, durante uma viagem, ter que parar para carregar a bateria, é algo que ainda assusta alguns (como eu) potenciais compradores. Sei que um dia terei certamente um automóvel conectado, autónomo, neutro e modular, no entanto, por agora, estou bem assim.
Sabe em que data exacta em que começou a trabalhar?
A sério, a sério comecei a trabalhar em 1973 na antiga Sociedade do Estoril (hoje Linha de Cascais) seguindo-se por esta ordem: CTT (Divisão de Transportes Postais); Rodoviária Nacional (Cep6); CP (Direção de Infraestruturas e embrião da futura Refer); novamente a Rodoviária Nacional (DGRL); Presidência do Conselho de Ministros (3 anos); Rodoviária de Lisboa e finalmente Rodoviária do Tejo acumulando, desde 1988, com a docência no ISCSP. Quase sempre os transportes públicos ao serviço da mobilidade!
Escreve de acordo com o novo acordo ortográfico?
Apesar de alguma insolúveis incoerências e outras confusões, escrevo já segundo o Novo Acordo Ortográfico o que ficou a dever-se à obrigatoriedade da sua utilização no ensino, lugar onde as novas regras começaram a ser aplicadas logo em 2011. Primeiro estranhei, agora estou já habituado apesar de, por exemplo, sempre que vou ao cinema não me sentir ainda um verdadeiro ‘espetador de cinema’. Neste caso, como diz a sabedoria popular: ‘Alto e para o baile’!
Que meio usa para desejar as Boas Festas?
Uso apenas mensagens via e-mail. No entanto, até há bem pouco tempo e por influência da minha mãe, enviava alguns postais de Natal com desenhos realizados por artistas que pintam com a boca ou com os pés, uma vez que a receita dessa venda reverte para associações que os apoiam.
O mundo muda a uma velocidade incrível mas há trinta e dois anos O MIRANTE já falava em questões como a poluição e o assoreamento do Tejo e praticamente nada mudou. O Tejo não faz parte do mundo de que tanto ouvimos falar?
O mundo de que tanto se fala, é hoje o mundo do planeta, da Greta, do ambiente e de outras coisas mais, sempre vagas e algo longe do mundo dos casos concretos. Num Portugal cada vez mais quente e seco, num país em que a água devia ser um bem sagrado, o Tejo parece não fazer parte dum mundo que devia ser de todos nós. Por um lado temos uma incompreensível Convenção de Albufeira que não exige a Espanha caudais contínuos mas apenas médias de caudais temporais… e uma média pode ser sempre o que quisermos que ela seja. Por outro lado, bem cá dentro de casa, continua a extrema poluição do rio Tejo sem respostas nem medidas eficazes para acabar com o grave problema de saúde pública causado pelo inconcebível crime ambiental das descargas poluentes.
Há quem diga que o interior do país, o tal desertificado, abandonado e envelhecido, começa a partir da auto-estrada. Tem essa opinião?
Neste fado infeliz do interior do país, sou já um pouco Santana-Maia Leonardo quando começo a pensar que a luta pelo interior foi uma guerra perdida. Com uma tendência aparentemente irreversível, os dados parecem dar razão a Ana Abrunhosa, nova ministra da Coesão Territorial, quando afirma ser necessário “assumir que há partes do nosso território onde não vai ser possível recuperar populações nem actividade económica” e onde coesão territorial significará cada vez mais “gerir o declínio”. Talvez seja mesmo melhor fechar o interior e irmos todos viver para o litoral!
O que faz mais falta no Ribatejo?
Nesta região de risco ao meio, diz-se faltar essencialmente uma genuína vontade de se quebrar uma ultrapassada política de capelinhas. Será? Verdadeiramente, o que eu julgo ser necessário (e possível) é encontrar a sua vocação para se afirmar distintivamente entre os seus pares.
Touradas são cultura ou já foram mais e temos que mudar as mentalidades ?
A tourada continua a ser importante para todos aqueles que a sentem como fazendo parte da sua identidade. Nada contra! Os municípios têm já hoje a liberdade de permitir a realização de touradas no seu território ou de, simplesmente, as proibirem. Tem que continuar a haver espaço para a diversidade de preferências dos públicos. Não vamos lá é com proibições, como as que vão ser propostas, para evitar que crianças com idade inferior a 18 anos possam assistir à Festa Brava! 18 anos?.

“O Tejo parece não fazer parte de um mundo que devia ser de todos nós”

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