uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“O país é profundamente assimétrico e desigual e o antídoto para essa doença é a regionalização”
Mário Fernando Pereira Professor, 50 anos, Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

“O país é profundamente assimétrico e desigual e o antídoto para essa doença é a regionalização”

Mário Fernando Pereira Professor, 50 anos, Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

O poder local tem feito um importante caminho na melhoria das condições em que vivem as populações, também ao nível ambiental. Fez isso, requalificando recursos, investindo no saneamento, na recolha e no tratamento de resíduos, por exemplo. A maior parte dos efluentes que descarregavam nas linhas de água um pouco por todo o lado e que desaguavam no Tejo as suas cargas poluentes hoje são tratados em ETARs, com grande esforço financeiro das autarquias, contribuindo para um Tejo mais limpo.
É pena que o esforço do poder autárquico, a nível ambiental, não se veja replicado pela administração central e por outras entidades privadas. É pena, ainda, que o Estado português não se consiga impor a muitos dos poluidores nem consiga garantir que o vizinho Estado espanhol cumpra a passagem dos caudais que permitam a sobrevivência do nosso Tejo e de inúmeras actividades das populações ribeirinhas ligadas ao aproveitamento do rio.
Há locais integrados nas grandes áreas metropolitanas que têm os mesmos problemas do interior. Independentemente da área geográfica os problemas não atingem todos os sectores e grupos da sociedade de igual modo. No entanto, tendo a concordar genericamente com o facto do interior começar do outro lado da auto-estrada, até porque todos os dados objectivos confirmam essa ideia.
Estamos num país profundamente assimétrico e desigual. Essa situação prejudica as populações de um interior que começa ainda no seio das áreas mais densamente povoadas, situação que se está a agravar. Julgo que um forte antídoto para esta doença nacional será a Regionalização, prevista na Constituição desde 1976.
Desde muito novo fui habituado a ajudar a minha família nos diversos tipos de trabalhos agrícolas. Trabalhava nas campanhas da vindima e da apanha do tomate, tal como a generalidade dos jovens da minha terra. Com 18 anos, trabalhei um ano na câmara municipal, num programa OTJ. Depois de concluir o curso comecei a leccionar em 1994, com 24 anos. Profissionalmente, até assumir o actual cargo autárquico, nunca mudei de profissão, fui sempre professor; mudei foi diversas vezes de escola e percorri diferentes regiões do país.
Espero que o tão famoso acordo ortográfico seja rapidamente revogado. Não escrevo segundo as novas regras. Só o farei se for obrigado.
Faz falta ao Ribatejo constituir-se como região administrativa. E com a respectiva autonomia política, administrativa e financeira a realizar-se nos termos previstos constitucionalmente. Isso seria decisivo para um maior desenvolvimento económico e social de toda a região.
Julgo que não haverá nenhum concelho em que não haja muita coisa em falta. O meu não será excepção. Os programas eleitorais das diferentes forças políticas contêm muitas propostas de realização que cumpre aos eleitos e a todos os que intervêm na vida pública procurar concretizar. É-me difícil num espaço tão limitado centrar apenas num ou noutro aspecto das diversas necessidades e aspirações da população do meu concelho.
As touradas e os espectáculos com touros são parte constitutiva da cultura de diversas comunidades, entre as quais as do Ribatejo. Como qualquer outra manifestação cultural também estes espectáculos sofrerão inevitavelmente do “sinal dos tempos”. Evoluirão ao sabor dos gostos das novas gerações e dos novos contextos que se vierem a colocar. Não sou aficionado, simplesmente porque dou preferência a outros espectáculos e formas de diversão; não por razões éticas ou porque me repugne. Não defendo legislação proibicionista das touradas exactamente porque considero que tal seria uma intromissão intolerável e desagregadora da identidade cultural de povos e regiões inteiras, como é o caso da nossa.

“O país é profundamente assimétrico e desigual e o antídoto para essa doença é a regionalização”

Mais Notícias

    A carregar...