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Nelson de Carvalho dá o dito por não dito e continua na gestão do CRIA
Nelson Carvalho resolveu recandidatarse para que não houvesse o risco de um vazio directivo

Nelson de Carvalho dá o dito por não dito e continua na gestão do CRIA

Ex-autarca recuou na intenção de abandonar a liderança do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes, instituição que viveu uma aflitiva situação financeira e alguns casos polémicos. Comissão administrativa anunciada há um ano nunca chegou a funcionar.

A comissão administrativa que há um ano foi anunciada para assumir a gestão do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA), da qual fariam parte elementos da Segurança Social entre outras pessoas, nunca chegou a entrar em funções e o líder da instituição continua a ser o mesmo. Nelson Carvalho - que garantiu não se recandidatar - não só continuou a gerir o CRIA nessa fase complicada como foi reeleito em 7 de Novembro último.
Contactado por O MIRANTE, o Instituto da Segurança Social (ISS) explicou que o CRIA apresentou há um ano um pedido de intervenção tutelar e judicial, “num momento particularmente difícil da instituição”. Mas esse processo só poderia concretizar-se através da respectiva decisão judicial, sob proposta do Ministério Público, o que não chegou a acontecer.
Isto porque entretanto a direcção do CRIA decidiu recuar nesses intentos e pedir a suspensão ou anulação da intervenção tutelar solicitada à Segurança Social. Um pedido que mereceu parecer favorável do ISS, “considerando os argumentos apresentados de restabelecimento da normalidade institucional e associativa da entidade, bem como a constatação da recuperação, no plano económico e financeiro”.
O presidente do CRIA e ex-presidente da Câmara de Abrantes explicou a O MIRANTE que a instituição recorreu ao Fundo de Socorro Social e que receberam cerca de 100 mil euros de apoio, o que ajudou a consolidar as contas. Nelson Carvalho acrescentou que decidiu recandidatar-se para que não houvesse o risco de haver um vazio directivo. “Senti que era meu dever manter a responsabilidade de avançar com uma lista. Esta direcção quer continuar a fazer as mudanças que são necessárias no CRIA e cumprir reformas necessárias”, referiu.
Nelson Carvalho diz que agora existe contenção de despesas e racionalização nos gastos. O CRIA fez uma candidatura para ter um novo CAO (Centro de Actividades Ocupacionais). Esta candidatura, diz, vai ter financiamento. “É o que o CRIA precisa para conseguir respirar e não ter que se preocupar com as contas. Esta candidatura já deveria ter sido feita há muito tempo mas as anteriores direcções não o fizeram”, criticou.
Além de Nelson Carvalho, integram os órgãos sociais Rosalina Reis, que é mãe de uma utente, e ocupa o cargo de secretária; Vítor Costa, pai de um utente, é o tesoureiro. Maria Manuel Teixeira e João Marques são os vogais. A primeira é irmã de um utente e o segundo pertence à União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede.

Irregularidades e polémicas várias
Em Março de 2018 a Segurança Social enviou para o Ministério Público um relatório sobre irregularidades detectadas no CRIA, para que fossem investigadas e avaliadas em termos penais as situações verificadas pelo Departamento de Fiscalização do Instituto da Segurança Social. A instituição foi notificada das conclusões da auditoria financeira e jurídica, segundo informação prestada a O MIRANTE pelo Instituto da Segurança Social, que ordenou a regularização das situações detectadas.
Como O MIRANTE noticiou na altura, entre as suspeitas de irregularidades estava a da eleição do ex-presidente da Câmara de Abrantes, Nelson Carvalho, para a presidência da instituição. Situação que foi confirmada a O MIRANTE pelo então director distrital da Segurança Social, Tiago Leite.
Em causa estava a ficha de inscrição do ex-autarca como sócio do CRIA, que terá sido forjada para que correspondesse aos parâmetros exigidos para poder ser eleito. Tiago Leite, que já não está no cargo, referiu também que a inspecção actuou na “sequência de denúncias de várias situações que não estariam a cumprir os regulamentos”.
Nelson Carvalho está há pouco mais de três anos a dirigir o CRIA e durante este período foram várias as controvérsias e polémicas. A mais recente aconteceu no final do ano passado com a falta de dinheiro para pagar os subsídios de Natal aos funcionários, tendo sido aprovado um empréstimo à banca para fazer os pagamentos. Isto pouco tempo depois dos membros do conselho fiscal se terem demitido, alegadamente por não lhes ser fornecida toda a informação necessária para avaliarem as contas.
Nelson Carvalho também protagonizou litígios com funcionários e teve de pagar 22.500 euros à ex-directora da instituição, na sequência de um processo por despedimento ilícito. O presidente do CRIA acordou em tribunal pagar a verba a Vanda Grácio, despedida no final de 2015, pouco tempo após ter assumido a direcção.

Nelson de Carvalho dá o dito por não dito e continua na gestão do CRIA

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