O Tribunal de Loures condenou António Rato, acusado de homicídio qualificado por ter atropelado mortalmente Celso Patrick Borges, a 15 anos de prisão. O seu filho, Marco Rato, que desferiu um golpe de navalha na cabeça da vítima, foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão por homicídio na forma tentada. Pai e filho estão presos preventivamente há cerca de um ano.
O principal arguido foi ainda condenado a pagar uma indemnização de 240 mil euros à viúva e ao filho mais novo da vítima, de apenas dois anos. O acórdão do colectivo de juízes foi lido na sexta-feira, 15 de Novembro e é passível de recurso até ao prazo máximo de 30 dias.
O advogado da família da vítima, José Pedro Borges, considera as medidas da justiça demasiado brandas e admite a possibilidade de a família vir a recorrer da decisão. “No caso do Marco a pena foi muito baixa. O que não se percebe, pois foi ele que provocou toda a situação. E pela forma como foi dada a facada era impossível que não tivesse sido desferida com intenção”, afirmou o advogado a O MIRANTE, após a leitura do acórdão. Quanto aos 15 anos atribuídos a António Rato, o causídico defende que “ficou perto dos limites mínimos” a que o arguido estava sujeito.
O facto de António Rato ter destravado deliberadamente o carro que atropelou e provocou a morte a Celso Borges, com o intuito de presumivelmente querer encobrir a participação do filho no crime, não teve, para o colectivo de juízes, peso na pena aplicada. O que prova, defende José Pedro Reis Borges, que António Rato “sabia muito bem o que estava a fazer” e que a pena deveria ter ficado mais próxima dos 25 anos de prisão.
No caso de Marco, o tribunal deu como provado que este foi o autor da facada e que a ferida daí resultante era por si só capaz de provocar a morte, explicou a juíza presidente.

Festa com amigos acabou em tragédia
O crime ocorreu no dia 29 de Setembro de 2018, quando uma rixa na via pública, no Sobralinho, acabou por dar lugar a um cenário sangrento que terminou com a morte de Celso Patrick Borges, de 43 anos. Foi atingido com uma facada na cabeça, desferida por Marco Rato, quando regressava a casa depois de um jantar com antigos alunos de uma escola de Vialonga. A sangrar abundantemente da cabeça, acabou esmagado pelo próprio carro, que estava parado na Rua Duque da Terceira e foi destravado deliberadamente por António Rato. Celso Borges deixa sete filhos, sendo que apenas um era da actual companheira.