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A surpresa e felicidade de ser campeã nacional de estrada aos 60 anos
foto DR Carolina Feliz espelha o seu apelido no rosto depois de conquistar o título de campeã nacional

A surpresa e felicidade de ser campeã nacional de estrada aos 60 anos

Carolina Feliz é atleta do União de Tomar e diz que correr é um anti-depressivo natural que ajuda a combater o envelhecimento.


Aos 60 anos Carolina Feliz sagrou-se campeã nacional de estrada em atletismo, no seu escalão etário, numa prova de 10 quilómetros (km) que decorreu no Jamor, em Oeiras. A atleta do União de Tomar só se apercebeu que tinha vencido a prova quando os colegas a começaram a abraçar e dar-lhe os parabéns pela vitória. “Quando cheguei a Lisboa disse, na brincadeira, que ia ganhar porque era uma prova nacional e nunca me passaria pela cabeça ganhar um nacional. Assim que me disseram nem quis acreditar. Fiquei muito feliz”, conta.
Carolina sempre praticou desporto e corre pelo clube da sua terra há 31 anos. Tem milhares de quilómetros nas pernas. A primeira prova em que participou foi numa corrida de 10 km durante uma festa de Verão numa aldeia de Tomar. “A menina que na altura ganhava tudo sentiu-se mal e eu ganhei a prova. O treinador do União de Tomar convidou-me para o clube, federei-me e nunca mais parei”, conta a O MIRANTE.
Diz que prefere as provas de estrada aos trails, até porque os trails são uma modalidade recente e foi numa prova dessas que partiu um braço. Tirando esse percalço nunca teve lesões graves. Nem a dor que de vez em quando lhe atormenta um joelho a faz desistir. Tem um grupo com quem corre todas as terças e quintas-feiras ao final da tarde. Encontram-se junto ao pavilhão municipal de Tomar e seguem para o seu treino pelas ruas da cidade e do concelho.
Normalmente, aos fins-de-semana participa nas provas mas se não houver competições não fica em casa parada e vai correr com o seu grupo de amigos. “Disse-lhes que quando fizesse 60 anos ia deixar de participar em provas mas agora que ganhei uma prova nacional vou continuar. Isto dá-me muito prazer”, confessa.
A funcionária pública diz que correr é um passatempo e até pode ser um vício, mas é um vício saudável. Não toma nenhum medicamento porque correr, realça, é um antidepressivo natural e prolonga a juventude. “Gasto as minhas energias e se estou mais chateada ou irritada vou correr um bocado que tudo passa”, afirma.
Solteira, sem filhos, confessa que nunca quis casar. “Na minha geração as pessoas casavam para serem independentes e saírem de casa dos pais. Felizmente, tornei-me independente muito cedo. Tinha casa, carro e um bom emprego, nunca tive essa vontade de casar. Posso namorar mas casar nunca”, afirma, convictamente.
Carolina diz que é feliz por correr e participar em provas porque conhece Portugal de norte a sul, tem amigos em todo o lado e sente que existe amizade e companheirismo. “É uma forma de combater a solidão mas também se fazem muitos amigos”, refere.

“Temos que conhecer o nosso corpo e não forçar”
O máximo que corre são 21 km, que correspondem a meia maratona. Diz que não se sente capaz de fazer uma maratona (42 km). “Uma vez, numa prova de trail, fiz 30 km e os últimos dois tiveram que me levar ao colo porque o meu corpo quebrou. Temos que conhecer o nosso corpo, o nosso organismo e não forçar”, explica.
Apesar de já ter vencido várias provas distritais esta foi a primeira vez que venceu uma prova nacional. Carolina já está a pensar no Nacional de Corta-Mato que se realiza a 15 de Março em Vale de Cambra. A atleta lamenta que existam poucas mulheres da sua idade a competir e sente que pode ser um exemplo para jovens e menos jovens. Sente-se saudável e também pratica uma alimentação saudável, onde quase não come carne nem peixe, o que diz ajudar a ter um organismo equilibrado.
Também gosta de andar de bicicleta e às vezes troca o carro por este meio de transporte. Gosta de cozinhar e as suas especialidades são polvo, arroz de feijão e migas. Quando se reformar pretende continuar a correr e quer fazer voluntariado num canil porque adora animais. Tem três gatos e um cão e gostava de ter mais.

A surpresa e felicidade de ser campeã nacional de estrada aos 60 anos

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