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Dono da Herdade da Galega, onde morreu com o filho e um funcionário, era justo mas não agradava a todos
Diamantino Rei José fala dos Cordeiro como uma família de gente trabalhadora

Dono da Herdade da Galega, onde morreu com o filho e um funcionário, era justo mas não agradava a todos

O filho Rafael, que continua internado no hospital em estado grave, é quem gera mais simpatia entre a população da Carregueira, que viu o empresário chegar à freguesia com muito dinheiro.


O dono da Herdade da Galega, que no dia 1 de Fevereiro morreu numa fossa da exploração pecuária, juntamente com o filho e com um funcionário, era tido pela população da Carregueira como um homem de trabalho, que metia as mãos na terra e uma pessoa justa e cumpridora. Diz quem o conhecia de perto que quem não gostava dele eram pessoas que o viram chegar à freguesia do concelho da Chamusca com muito dinheiro e julgaram estar ali a galinha dos ovos de ouro. “Era um homem de trabalho e de negócios”, refere um popular que trabalhou para o empresário como topógrafo. Mas também há quem o acuse de ser explorador e de dar emprego a pessoas de fora.
Muitos populares acompanham com preocupação a situação de Rafael Cordeiro, 20 anos, o filho do empresário, que continua internado no Hospital de Santarém em estado grave, após ter tentado salvar o pai, o irmão e o funcionário. O “miúdo”, como todos lhe chamam carinhosamente, era conhecido desde os seus dez anos e todos o recordam como um jovem “simpático” de “sorriso aberto” e, “tal como o pai, muito trabalhador”. Apesar de algumas vozes menos simpáticas para com a família Cordeiro a grande maioria recorda o dono da exploração com “pena” pela tragédia que aconteceu.
Dizem algumas pessoas que trabalharam directamente com Rui Cordeiro que era um homem com quem se podia contar porque “cumpria o que prometia”. Mas há quem o acuse de “explorador”. Um habitante da Carregueira, que não quer dar a cara, diz que trabalhou na herdade a fazer limpezas dos terrenos e que ganhava dois euros à hora, salientando que pouca gente lá se aguentava porque o trabalho era muito.
Na freguesia diz-se que Rui Cordeiro levava para a herdade funcionários de outros projectos e poucos postos de trabalho criou para a Carregueira. Por isso, a questão do futuro da Herdade da Galega pouco ou mesmo nada preocupa os populares. Diamantino Rei José, o único que deu a cara para falar à nossa reportagem, defende a família Cordeiro e sublinha que “tinham muito dinheiro, mas este veio de muito trabalho”.
“As três mulheres dão-se bem. Penso que não haverá problemas. Mas nunca se sabe quando o assunto é dinheiro”, refere Diamantino Rei José. Simone Cordeiro provém de família também de negócios e de muito dinheiro no Brasil. “Também a conheci muito bem, é mulher de negócios. É advogada e sabe muito bem o que se passa nas empresas”, acrescenta o ex-funcionário, que trabalhou três anos na herdade. O empresário tinha adquirido recentemente uma outra quinta perto de Santa Margarida (Constância) e Diamantino José foi contactado por Rafael para fazer a vedação.
Quanto à segurança, os ex-funcionários com quem O MIRANTE falou, dizem que havia equipamentos e que se não eram usados era por desleixo dos trabalhadores. “Ele estava sempre preocupado com essas questões e trabalhava como nós, com as mãos na terra, se fosse preciso”, conclui Diamantino.

Empresário ajudava a terra
Diamantino, o ex-funcionário de Rui, como o empresário gostava de ser chamado pelos trabalhadores, refere que a família é de pessoas simples. “De cada vez que havia um aniversário de algum deles convidava os funcionários para a festa. Gostava de ter, mas também gostava de dar e ver as pessoas felizes”. Ainda assim, há quem ache estranho um desconhecido chegar à terra com tanto dinheiro, comprar uma herdade tão grande e pouco trabalho dar na aldeia.
Rui Cordeiro patrocinava o Grupo Desportivo União Carregueirense e ajudava sempre com donativos ou bens materiais para as festas da aldeia, onde ia acompanhado pela família sempre que estavam na terra.
Rui Cordeiro tem seis filhos, dois de cada mulher. Da primeira companheira tem Joana Cordeiro e Gonçalo, que perdeu a vida na tragédia. Tem outros dois rapazes de uma segunda relação, um que vive na Nazaré, com a mãe, e Rafael que está no hospital. Da actual relação com Simone Cordeiro tem duas meninas de dez e 12 anos de idade. Será Simone Cordeiro, advogada das várias empresas de Rui Cordeiro, que, segundo alguns populares, tomará as rédeas dos negócios.

Dono da Herdade da Galega, onde morreu com o filho e um funcionário, era justo mas não agradava a todos

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