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Enfermeiros desgastaram-se a garantir cirurgias mas montaram novo bloco do Hospital de Santarém
Equipa de enfermagem do bloco operatório, liderada por Ana Gonçalves (segunda à esquerda)

Enfermeiros desgastaram-se a garantir cirurgias mas montaram novo bloco do Hospital de Santarém

Os enfermeiros do bloco operatório do Hospital de Santarém foram elogiados pelo desempenho que tiveram nos cerca de cinco anos em que o bloco central esteve fechado por falta de condições. Garantiram as cirurgias em condições provisórias e ainda tiveram forças para preparar o novo bloco, com cinco salas, que agora foi inaugurado.

A alegria dos enfermeiros com a inauguração dos novos blocos operatórios central e de partos do Hospital de Santarém vem compensar os cerca de cinco penosos anos por que passaram estes profissionais. Desde que o bloco central tinha fechado por falta de condições, os enfermeiros tiveram muito mais trabalho a reorganizar o que nunca estava organizado, porque tinham que andar com material de um lado para o outro para garantirem as cirurgias. A enfermeira chefe do bloco operatório, Ana Gonçalves, confessa que foi feito um grande esforço físico, que culminou com a montagem dos novos equipamentos também feita por estes profissionais. O esforço valeu o elogio da administradora do hospital, Ana Infante, no seu discurso.
Ana Gonçalves conta que primeiro foi preciso desmontar o bloco antigo e organizar um bloco temporário, com algumas dificuldades, já que o material necessário não estava à mão e era preciso fazer alguma ginástica para que nada faltasse. Depois, com o recurso ao Hospital de Torres Novas, onde através de uma parceria estiveram a operar doentes, os profissionais foram sobrecarregados com deslocações, além de terem também de montar tudo o que era necessário para que a sala do Centro Hospitalar do Médio Tejo pudesse funcionar, que acabou por ter de ser desmontado para voltar a Santarém.
Nas últimas semanas os enfermeiros apoiados pelos assistentes operacionais andaram a organizar os novos blocos, a colocar tudo o que era necessário para o seu funcionamento. Ana Gonçalves realça que foi muito trabalho com poucos recursos, mas ressalva que a administração do hospital sempre os apoiou e pagou as muitas horas que tiveram de ser feitas e para as quais o pessoal se disponibilizou apesar de andar exausto. A enfermeira chefe, por isso, diz com orgulho que os enfermeiros “são normalmente os impulsionadores do início de qualquer coisa no hospital, da reorganização da estrutura”.
No dia da inauguração dos blocos pelo primeiro-ministro, António Costa, e pela ministra da Saúde, Marta Temido, o pessoal de enfermagem era a imagem do contentamento. Ana Gonçalves fala em nome de todos: “Estamos muito felizes por estarmos numa casa nova com todas as condições para prestar um serviço de qualidade aos nossos utentes”. Enquanto Costa e comitiva visitavam uma das salas de operações estavam a decorrer cirurgias em três das outras salas. Até para se permitir a entrada das visitas foi preciso mais um esforço, já que o espaço teve de ser desinfectado logo de seguida.

Pegar o problema de caras

A presidente do conselho de administração realçou na inauguração dos blocos operatórios que quando tomou posse ela e a equipa que dirige o hospital resolveram armar-se em forcados e pegar o problema de caras. Foram momentos difíceis para se conseguir ter hoje o novo equipamento. Ana Infante recorda que foram significativos os prejuízos para os doentes e os profissionais do hospital, desejando que as instalações sejam utilizadas eficientemente. O objectivo agora é aumentar o número de cirurgias em menor tempo de espera.
Esta luta por melhores condições também envolveu os autarcas, sobretudo o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, e o presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro. Considerando que este é um momento muito importante para Santarém, Ricardo Gonçalves recorda que existiram reuniões duras com o anterior ministro e, criticando o antigo conselho de administração do hospital, elogiou o actual que não teve problemas em pedir ajuda. “Antes sentíamos que estávamos a mais, querendo ajudar”, sublinhou o autarca, acrescentando que se a obra demorou tanto tempo foi por inação do Estado.

Que nunca mais tenham de esperar sete anos por uma obra

O primeiro-ministro não fez favor em inaugurar os novos blocos operatórios do Hospital de Santarém, que custaram 6,5 milhões de euros, depois de um longo período de peripécias, em parte por falta de dinheiro. Primeiro o arranque das obras andou a arrastar-se e depois de já estarem a decorrer tiveram de parar porque o Tribunal de Contas não visou os trabalhos de instalação da climatização e ventilação, porque o hospital não tinha fundos próprios (saldo positivo) que garantissem o pagamento do contrato. Foi necessário a administração do hospital fazer uma engenharia financeira e reter os pagamentos a fornecedores para que num dia as contas dessem positivas e se justificasse o retomar das obras perante o tribunal.
António Costa reconheceu o quão difícil foi gerir este processo, que levava já sete anos, dos quais quatro em que o bloco ficou encerrando. Em 2013 começaram os problemas com as condições do bloco, sobretudo devido à ventilação, que não dava garantias de segurança e obrigou ao adiamento de várias cirurgias, até que o espaço acabou por fechar totalmente. “Que nunca mais tenham de esperar sete anos para ter uma obra concluída”, disse o primeiro-ministro, que está no cargo há quase cinco anos. Apesar das contrariedades Costa pintou um cenário cor-de-rosa para a saúde, anunciando reforços financeiros e melhoria das condições para “garantir que o Serviço Nacional de Saúde consegue oferecer melhor que os privados”.

Enfermeiros desgastaram-se a garantir cirurgias mas montaram novo bloco do Hospital de Santarém

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