Sistema de pagamento MB Way usado para burlar comerciantes da região
Uma florista da Golegã, um comerciante de Santarém e dois de Rio Maior são algumas das vítimas de burla. As autoridades aconselham as pessoas a não seguirem instruções de desconhecidos para fazer pagamentos.
Teresa Vieira, florista de 66 anos na Golegã, e uma amiga, foram burladas por um homem que usou o sistema de pagamento MB Way para cometer o crime. O esquema rendeu 573 euros ao burlão que se passou por dono de um hotel na Golegã, mas a comerciante teve mais prejuízos. O homem telefonou-lhe para fazer uma encomenda de 35 arranjos de flores, dizendo que faria o pagamento através do sistema. A comerciante primeiro recusou mas depois de o homem ter insistido e julgando tratar-se mesmo do dono da unidade hoteleira, que é seu cliente habitual, caiu na armadilha.
A comerciante diz que quem a burlou devia saber que o hotel lhe faz encomendas de flores e sabe onde é a loja, o que a deixa intranquila. Ao telefone o burlão disse que iria pagar pelo sistema, que consiste numa aplicação que permite fazer pagamentos através do telemóvel. Disse à comerciante para colocar o cartão multibanco no terminal da loja, marcar um número de telemóvel e de seguida o código 202020. Cerca de 30 minutos depois, o falso cliente volta a ligar, dizendo que não está a conseguir fazer a transferência e pede à florista para usar outro cartão multibanco. Continuando a dizer que não conseguia fazer a transferência, o homem conseguiu que uma amiga da florista fosse com o seu cartão a uma caixa multibanco e foi lesada em 185 euros.
Só após algumas horas, depois de tentarem contactar o suposto cliente e de o telemóvel já se encontrar desligado, é que ambas se deram conta de que tinham sido burladas. Da conta de Teresa Vieira desapareceram 388 euros e do cartão da amiga 185 euros. No total a florista teve um prejuízo de mais de 900 euros, pois há ainda a somar a despesa dos arranjos de flores de cerca de 350 euros. A florista apresentou queixa no posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) da Golegã.
Segundo as autoridades, este tipo de burlas tem vindo a aumentar na região. Em Santarém, um comerciante que tinha à venda no OLX um kit mãos livres, no valor de 50 euros, ficou com a conta a zero. A sorte é que a conta, pouco usada, só tinha oito euros de saldo. Também com o mesmo método usado com a comerciante da Golegã, dois empresários de Rio Maior foram burlados neste mês de Fevereiro. Num caso a burla rendeu 390 euros e no outro 400 euros.
Polícia diz que é possível apanhar os burlões
A PSP já recebeu 15 queixas de burlas com o MB Way no distrito de Santarém, garantindo que está a trabalhar, em conjunto com o Ministério Público, e que vai ser possível chegar aos autores dos crimes. A PSP de Santarém está também a desenvolver acções de sensibilização junto da população sobre os riscos do MB Way, em que o principal conselho é que nunca sigam as instruções de desconhecidos para fazerem pagamentos e que em caso de dúvida devem pedir conselhos nos bancos.
A Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), entidade que criou e gere a aplicação MB Way, diz a O MIRANTE que mantém uma relação estreita com as autoridades “com vista a ajudar a prevenir e/ou identificar estas actividades”. Acrescenta que tem reforçado, nos canais que gere, como as caixas Multibanco, informação sobre o modo de funcionamento do serviço, assim como recomendações de utilização segura, sublinhando que todos os serviços SIBS têm “sistemas de monitorização e detecção de fraude, com vista a reduzir ou identificar situações criminosas”.
O que é o MB Way?
MB Way é uma aplicação portuguesa criada pela Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS) que permite, através de um telemóvel, fazer transferências instantâneas de dinheiro entre números de telemóvel associados ao MB Way, bem como pagar compras em lojas físicas através de um número de telemóvel, código QR e contactless, e usar um multibanco sem ter de usar o cartão bancário. Em Novembro de 2018 a SIBS anunciou que a aplicação MB Way era usada por mais de um milhão de utilizadores.