Sociedade | 09-05-2025 15:15

Assédio laboral está a aumentar nas organizações

Estudo demonstra que mais de um em cada quatro trabalhadores refere ter sido vítima de assédio laboral. Casos têm aumentado tal como o burnout.

Mais de um em cada quatro trabalhadores refere ter sido vítima de assédio laboral, um valor que tem vindo a aumentar, segundo um estudo a que a Lusa teve acesso, com os investigadores a sugerirem entidades externas de arbitragem.
O estudo do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpats), que vai ser apresentado dia 14, na Universidade Lusófona de Lisboa, mostra um aumento da percentagem média destas situações nos últimos anos: de 16,5% (2021/22) passou para 20% (2023) e para 27,7% em 2024.
Em declarações à Lusa, a coordenadora do estudo, a psicóloga Tânia Gaspar, disse que “os dados vão de 15% a 36%”, consoante as empresas, valores que preocupam os investigadores, que dizem que o facto de se falar mais no tema leva as pessoas a estarem mais atentas.
“Para algumas gerações, isto era comum e a pessoa nem percebia bem se nalguns casos era normal”, disse a responsável, lembrando que, quando se fala de assédio laboral, não se está a falar apenas em assédio sexual: “há coisas muito mais subtis”, como o facto de o trabalhador ser “posto de lado”, exemplificou.
A responsável lembrou a ligação entre o assédio laboral e a saúde mental dos trabalhadores, acrescentando: “quando vamos comparar as pessoas que são vítimas de assédio com as que não são, a nível da saúde mental, notamos que as vítimas de assédio têm menos saúde mental. É um círculo vicioso”.
Disse ainda que, mesmo os casos de ‘burnout’, que também têm aumentado, “muitas vezes tem que ver com situações de assédio”: “quando apanho na clínica casos de ‘burnout’, em muitos casos é por assédio. A pessoa já não aguenta a situação e começa a ter sintomas de ansiedade ao domingo à noite só de pensar que vai ter de enfrentar aquela pessoa”.
Os dados do Labpats indicam ainda que diminuiu o número de pessoas sem sintomas de ‘burnout’; aumentou o de pessoas com um sintoma (12,9% em 2021/22, 14,8% em 2023, 17,8% em 2024) e com dois sintomas de ‘burnout’ (16,2%, 13,6%, 28,5%), mas há menos pessoas com três sintomas (50,5%, 45,5%, 38,7%).
“Aqui há uma situação clara que é menos sintomas de depressão e mais pessoas com sintomas de irritabilidade, ansiedade e exaustão”, explica Tânia Gaspar, que relaciona tudo com o clima mais agressivo e hostil que se sente na sociedade. “Este ambiente de hostilidade, agressividade e intolerância também está relacionado com a questão do ‘burnout’ e do assédio laboral. As lideranças e os colegas andam todos mais irritáveis, mais impacientes, mais intolerantes e a forma como tratam o outro e os limites e filtros estão mais baixos ”, afirmou.
O Labpats estuda a saúde e o bem-estar dos profissionais e das organizações, ajudando a definir políticas com impacto na saúde e bem-estar, desenvolvimento saudável e sustentável dos profissionais e das organizações.

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