Cultura | 18-04-2024 21:00

Livro sobre Estácio de Sá dá a conhecer um herói quinhentista natural de Santarém

Livro sobre Estácio de Sá dá a conhecer um herói quinhentista natural de Santarém
Joaquim António Emídio, Ana Miranda, Flávio Murilo, Ricardo Gonçalves, Alexei Bueno e Orlando Raimundo, na Casa do Brasil onde decorreu o lançamento da biografia de Estácio de Sá e de Musa Praguejadora

“Estácio de Sá – O Herói Desconhecido” é o título do livro apresentado a 12 de Abril, na Casa do Brasil, em Santarém, dedicado ao fundador da cidade do Rio de Janeiro. A obra, com a chancela da Rosmaninho, Editora de Arte, foi escrita pelo jornalista e escritor Orlando Raimundo e é dedicada a uma figura história que poucos conhecem.

O jornalista e escritor Orlando Raimundo e a Rosmaninho, Editora de Arte lançaram mãos à obra para resgatarem do esquecimento Estácio de Sá, fidalgo natural de Santarém considerado o fundador da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, em meados do século XVI. “Estácio de Sá – O Herói Desconhecido” é o título do livro apresentado na tarde de sexta-feira, 12 de Abril, na Casa do Brasil, em Santarém, cidade onde o protagonista da obra é efectivamente um ilustre desconhecido, como foi várias vezes referido.
A ideia de lançar luz sobre a vida de Estácio de Sá partiu de Joaquim António Emídio, editor da Rosmaninho, e foi materializada em livro por Orlando Raimundo, que reconheceu que, à excepção de historiadores e investigadores da época dos Descobrimentos, “ninguém sabe quem é Estácio de Sá”. Daí a pertinência deste trabalho. “Este homem foi um guerreiro, lutou contra os índios, enfrentou canibais, derrotou os franceses e morreu atingido num olho por uma flecha envenenada, não sem antes fundar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, disse o autor.
Orlando Raimundo considera que Santarém está muito a tempo de se redimir do esquecimento que recai sobre esta figura histórica, sugerindo que o nome de Estácio de Sá seja dado ao novo aeroporto, caso seja Santarém a opção escolhida para a sua localização, ou a uma artéria nobre da cidade, “e dessa forma fazer o que lhe falta fazer”.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, tinha falado antes e deixou o compromisso de criar as condições e apoiar iniciativas que transformem Estácio de Sá de ilustre desconhecido a herói conhecido da comunidade escalabitana, para que daqui a uma década essa figura não seja um nome estranho. Nesse sentido, deixou o apelo a historiadores e investigadores para que possam acrescentar contributos a essa causa. “Esta é uma semente que vai dar fruto e fazer com que outras sementes possam germinar”, afirmou o autarca, congratulando a iniciativa de se publicar o livro sobre Estácio de Sá.
Mesmo no Brasil, apesar do nome de Estácio de Sá estar associado a múltiplas entidades, desde a toponímia a universidades, a sua história, os seus feitos e até a sua aparência física são pouco conhecidos, como frisaram o reitor da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, Flávio Murilo, e o autor do posfácio da obra, o poeta Alexei Bueno, igualmente presentes na sessão.
“E como tão pouco sabemos de concreto sobre esse antigo guerreiro de Santarém, como tão poucos documentos nos restaram daquelas ancestrais batalhas entre dois povos e dois mundos, bem esperamos que o presente livro de Orlando Raimundo consiga suprir com eficácia tantas carências e incertezas”, escreve Alexei Bueno no posfácio da obra dedicada “à figura lendária do fundador e primeiro capitão-mor” do Rio Janeiro, a “cidade maravilhosa” nascida junto à baía de Guanabara.

Quem foi Estácio de Sá?
Na badana da capa do livro, o desconhecimento sobre o herói quinhentista é também deixado claro: “Raros são os portugueses que sabem quem foi Estácio de Sá; e menos ainda os que associam o nome deste fidalgo da Corte de D. João III à fundação da cidade do Rio de Janeiro. Acontece que mesmo no Brasil, onde o seu nome ecoa por todo o lado, da favela à universidade, da escola de samba à torcida de futebol, esse desconhecimento é gigantesco. Já toda a gente ouviu falar nele, mas desconhece a sua identidade. Herói ainda desconhecido da maioria dos habitantes dos dois países, Estácio de Sá foi um dos arquitectos do luso-brasileirismo, ao contribuir com a sua acção para a unificação dos mais de mil dialectos indígenas que estão na origem do português com sotaque hoje falado pelos 190 milhões de brasileiros”.
Mas afinal quem foi Estácio de Sá? A obra explica resumidamente na contracapa: “Estácio de Sá, o fundador da cidade do Rio de Janeiro, nasceu na muy nobre e leall vila de Sanctarem, em Portugal, por volta de 1520. É o último descendente de um dos ramos dos Sás, família fidalga medieval cuja existência é conhecida desde o reinado de D. Afonso IV. A sua origem genética é um pouco estranha. Estácio terá nascido da relação incestuosa de D. Filipa de Sá com o seu primo Diogo de Sá, moço fidalgo, residente em Santarém, hoje considerado um dos humanistas portugueses mais eruditos do século XVI. Na origem da insólita relação amorosa está o cónego da Sé de Coimbra, Gonçalo Mendes de Sá. A mãe de Estácio era irmã do cónego e Diogo primo, o que faz do capitão primo em segundo grau de Mem de Sá, o terceiro Governador-Geral do Brasil”.

Livro de Ana Miranda e a Musa Praguejadora
No final da sessão foi também apresentado o livro da escritora brasileira Ana Miranda, intitulado “Musa Praguejadora – A vida de Gregório de Matos” e igualmente com chancela da Rosmaninho Editora de Arte. A autora, que Joaquim António Emídio classificou como a melhor escritora viva de língua portuguesa, confessou-se rendida ao acolhimento que recebeu e aos encantos de Santarém, catalogando-a como uma cidade linda que preserva a memória e as tradições e a que fica agora ligada afectivamente.

O poeta brasileiro Alexei Bueno (de pé) prefaciou “O Herói Desconhecido” livro de Orlando Raimundo

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