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Leis contra maus tratos dos animais provocam reacção de autarcas em defesa da tauromaquia

Leis contra maus tratos dos animais provocam reacção de autarcas em defesa da tauromaquia

Municípios taurinos pedem bom senso e falam num ataque ao mundo rural e à liberdade. Presidente e dois vice-presidentes da secção de municípios com actividade taurina são da região e falam a uma voz contra uma eventual tentativa de proibir as touradas por decreto.

A unanimidade parlamentar verificada a 12 de Maio sobre o estabelecimento de um estatuto jurídico próprio dos animais fez com que os municípios onde há actividade taurina saíssem em defesa da tauromaquia e da festa brava em geral.
No mesmo dia em que eram discutidos os projectos de lei sobre o assunto no Parlamento, o presidente da secção de municípios com actividade taurina e presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Oliveira (PS), pediu publicamente bom senso e equilíbrio aos deputados e alertou-os para a importância daquele sector de actividade para a cultura e economia em mais de quatro dezenas de concelhos.
Oito dias mais tarde, aproveitando a corrida de comemoração da requalificação da Praça de Touros do Campo Pequeno, autarcas de alguns desses municípios marcaram presença no evento e fizeram declarações a
O MIRANTE, defendendo a tauromaquia e pedindo para serem ouvidos na comissão parlamentar.
Apesar das naturais preocupações dos autarcas houve sinais positivos da parte do Parlamento relativamente ao futuro da tauromaquia. O grupo parlamentar do PSD recusou avançar com legislação “fracturante” e na discussão dos projectos de lei de PS, BE e PAN para agravar o regime sancionatório aplicável aos crimes contra animais o PSD, CDS-PP e PCP manifestaram reservas.
O deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim, no decorrer de uma intervenção, sugeriu mesmo que os diplomas em discussão têm uma “agenda escondida” - numa referência a actividades pecuárias, à caça e às corridas de touros - “e são extremistas”.
Também o representante dos municípios taurinos e presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, considera que a legislação contra os maus-tratos dos animais, apesar de importante, não deve “bloquear a actividade económica ou cultural” das regiões e criticou o facto de os partidos que apresentaram projectos não terem ouvido as opiniões dos municípios com actividade taurina.
“Claramente que somos favoráveis a que haja uma evolução do pensamento no que tem a ver com os maus-tratos aos animais. O que não entendemos é que se generalize e se reconheça os animais no seu todo como animais com sensibilidade e que isso possa vir a pôr em causa a economia dessas regiões bem como as tradições culturais e a identidade dos municípios com tradição de tauromaquia”, reforçou.

Autarcas no Campo Pequeno para defenderem touradas

O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira e um dos vice-presidentes da secção de municípios com actividade taurina, Alberto Mesquita (PS), disse a O MIRANTE, no decurso da tourada de 19 de Maio no Campo Pequeno, que a legislação que venha a ser aprovada sobre protecção de animais tem que respeitar a liberdade dos cidadãos que gostam de tauromaquia e não tentar limitar a realização de espectáculos tauromáquicos.
O autarca considera que qualquer limitação da liberdade dos cidadãos é “um retrocesso muito grande no caminho da construção da democracia” mas mostrou-se convicto que não haverá a tentação de proibir as touradas. “Estou convencido que haverá o bom senso necessário para que quem gosta de toiros possa continuar a assistir a espectáculos taurinos sem que estes acabem por decreto. É preciso encontrar plataformas de equilíbrio para que esta actividade continue”, afirmou.
Para o presidente dos municípios com actividade taurina e presidente de Coruche, a presença dos autarcas no Campo Pequeno serviu para saudar a tauromaquia como uma actividade que faz parte da identidade daqueles municípios.
“Os diplomas apresentados na Assembleia da República vêm pôr em causa não só a tauromaquia mas a actividade económica ligada à agro-pecuária, às pescas, à caça. Há que ter alguma sensibilidade para que o mundo rural não seja posto em causa. Não estamos contra ninguém mas tem que haver sensibilidade para compreender esta situação”, declarou o autarca socialista.
Quem também marcou presença foi o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, outro dos vice-presidentes da secção, que lembrou a secular ligação do seu concelho ao mundo rural. “Santarém tem muita tradição no toiro, no cavalo, na agricultura e não podíamos deixar de apoiar esta manifestação. Esta não é só uma questão de tradição mas também uma questão económica. Espero que as decisões da Assembleia da República tenham o bom senso de conseguir diferenciar o que é a tradição, do respeito pelos animais”.
Os municípios da área de intervenção de O MIRANTE que integram a secção dos municípios com actividade taurina são Almeirim, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Coruche, Golegã, Salvaterra de Magos, Santarém, Tomar, Vila Franca de Xira e Vila Nova da Barquinha.
Embora no site da ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses) não surja o nome da Chamusca, o presidente da câmara daquele concelho, onde existe uma praça de toiros, dois grupos de forcados e diversas ganadarias, também esteve presente no Campo Pequeno em defesa da tauromaquia.

Leis contra maus tratos dos animais provocam reacção de autarcas em defesa da tauromaquia

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