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Para a população de Amiais de Baixo as melhores festas da região são as suas

As pessoas ouvidas por O MIRANTE a propósito das Festas de Amiais de Baixo, em honra do Mártir S. Sebastião, dizem que aquelas são as melhores da região. É o fogo-de-artifício, a iluminação, as cerimónias religiosas e principalmente os artistas contratados. Este ano o cabeça-de-cartaz é Matias Damásio. Os mais velhos lembram-se de concertos memoráveis como os de Fafá de Belém ou Rui Veloso. O que faz falta na vila são empregos, policiamento e bombeiros, referem alguns.

Manuel Rosário, de 71 anos, Maria Neto, de 65 anos e Laura Nascimento de 14 anos FOTO O MIRANTE

Manuel Rosário, de 71 anos, Maria Neto, de 65 anos e Laura Nascimento de 14 anos

Os avós e a neta

As Festas de Amiais de Baixo são para todas as idades e para todos os membros das famílias. Manuel Rosário e Maria Neto costumam levar a neta Laura e divertem-se à grande. “As festas aqui têm coisas únicas no país, a começar pela procissão dos archotes. Todos os anos tentamos ficar na primeira fila para ver”, explica o avô. E destaca também o “fantástico e inigualável” fogo-de-artifício e os concertos.
Laura prefere ficar apenas pelos concertos, fazendo questão de ir assistir às actuações dos artistas à noite “Gosto muito da banda HMB”. A jovem, ao contrário dos seus avós, não perde a oportunidade de ir a outras festas populares nas redondezas, como as do Cortiçal e Espinheiro, mas a sua preferida é a dos Amiais de Baixo. “Afinal é a minha terra”, afirma.
Manuel Rosário e Maria Neto fazem questão de estar atentos ao que se passa na sua terra natal e têm saudades dos tempos em que havia gente jovem a passear pelas ruas. Segundo eles talvez seja por não haver piscinas ou jardins públicos. Dizem que pessoalmente sentem falta de policiamento e de bombeiros. De 2007 a 2012 existiu ali um posto com alguns bombeiros da corporação de Pernes mas foi desactivado.

Alberto Pequeno, 81 anos FOTO O MIRANTE

Alberto Pequeno, 81 anos

O avô do baterista

Alberto Pequeno mal pode esperar pelo início das festas. Reformado, de 85 anos de idade, gosta de se divertir mas este ano tem um factor extra para não faltar porque é avô de um dos elementos da banda Silva Jeans Music, que irá animar a festa num dos dias. “O nome do meu neto é Rui Lopes. É o baterista. É o meu artista preferido”, afirma orgulhosamente.
As Festas dos Amiais de Baixo são as únicas festas populares a que vai. Diz que com a sua idade já não tem paciência para correr as festas das redondezas. Conta que, em tempos, para além das festas também ia de férias em Agosto para a Nazaré mas já há vinte anos que lá não vai. “Aquela praia ajudava muito no meu tipo de bronquite”, explica.

António Tomás, 55 anos FOTO O MIRANTE

António Tomás, 55 anos

Na secção do fogo-de-artifício

António Tomás tem 56 anos e trabalha numa empresa de curtumes. Em tempos pertenceu à equipa de Pirotecnia Macedo que esteve encarregue de preparar e coordenar o fogo-de-artificio na Ilha da Madeira, na passagem de ano de 2006 para 2007. “Foi um espectáculo que entrou para o Livro do Guiness”, lembra. Devido à sua experiência é agora o responsável por coordenar o espectáculo de fogo-de-artifício na Festa dos Amiais de Baixo, ainda com a ajuda da Pirotecnia Macedo.
Garante que já esteve em grandes festas mas diz que não há nenhuma que se compare à de Amiais de Baixo. “Esta é de longe a melhor do concelho e é feita pela população. É o povo quem contribui com dinheiro, através dos peditórios e da compra de rifas, para que as festas tenham a dimensão que têm”. E acrescenta com orgulho que as Festas de Amiais de Baixo já têm comissões asseguradas para os próximos dez anos.
António Tomás já integrou a comissão e diz que foi uma experiência inesquecível. “Todos os bons artistas já cá passaram pela nossa festa”, afirma, lembrando nomes como Amália Rodrigues, Fafá de Belém, Rui Veloso e Lena de Água. “As nossas festas são um pouco minhotas e nortenhas e isso nota-se na forma como é feita a iluminação e como é executado o fogo-de-artificio”.

Rui Santos, 42 anos FOTO O MIRANTE

Rui Santos, 42 anos

O orgulho de ser de Amiais de Baixo

Rui Santos trabalha como carpinteiro. O melhor mês para ele é Fevereiro e não é por causa do trabalho mas das Festas dos Amiais de Baixo. Nessa altura a vila ganha animação e movimento porque vem muita gente que está fora.
“Nós aqui temos o melhor fogo-de-artificio e a melhor banda de Portugal”, referindo-se à Banda do Travassô. Conta que já se tornou tradição todos os anos convidar a Orquestra Filarmónica 12 de Abril, do Travassô - Águeda que já marca presença nas Festas dos Amiais há 28 anos. “Tocam de porta em porta como mais nenhuma banda faz e a população até se lhe refere dizendo: “A nossa banda”.
Diz que em termos de artistas só tem pena de nunca terem contratado os Xutos e Pontapés para tocar nas Festas. Dos artistas que viu na terra gostou principalmente de Fafá de Belém e o Rui Veloso “Aquilo é que foram concertos!”, exclama.
Mas não é só de música que vive a festa. É também da folia e dos exageros, conta. “As bebedeiras que a gente apanha”, confessa com um sorriso maroto, relembrando os dias em que a festa dura até ao sol raiar.

Maria Emília Paulo, 75 anos FOTO O MIRANTE

Maria Emília Paulo, 75 anos

Alguém tem de limpar

Maria Emília Paulo, de 75 anos, reformada, é uma das quatro responsáveis por limpar o local onde decorre a festa. “Quando a gente lá chega ainda eles estão na maior”, diz, explicando que já não se assusta com o que vai encontrar. “O chão cheio de copos, papéis, cerveja e até mesmo alguém que já não se conseguiu levantar”.
E foi isso mesmo que aconteceu num ano. “Estava uma rapariga deitada atrás do balcão e até pensávamos que estava morta porque não acordava de maneira nenhuma e nós bem gritávamos”, lembra. Felizmente a jovem lá acordou do sono etílico em que se encontrava.
Emília é natural do Cortiçal, Alcanena, e foi viver para Amiais de Baixo aos 33 anos depois de se casar. Sente-se uma filha da terra ao ponto de dizer que as festas de Amiais são as melhores e que não há outras com tão imponente fogo-de-artifício e com tão bonitas procissões. “As santas vão cobertas de ouro”, sublinha.

Elisabete Alves, 65 anos FOTO O MIRANTE

Elisabete Alves, 65 anos

Chamar pessoas de fora

“Não há outras festas como estas no distrito de Santarém”, afirma Elisabete Alves. Acrescenta que elas geram movimento, chamando muitas pessoas de fora principalmente jovens, que são cada vez mais raros em Amiais de Baixo porque depois de acabarem os estudos já não regressam, preferindo procurar emprego noutras zonas do concelho e do país.
Lamenta que Amiais de Baixo não tenha recursos para fixar a sua população jovem “Não há empregos para aqueles que têm cursos e também já começam a faltar para aqueles que não têm”. Segundo ela a situação piorou bastante desde que as fábricas de cerâmica encerraram.
Elisabete Alves lamenta não poder assistir aos concertos pois tem de ficar em casa com o seu marido a tomar conta dos seus netos pequenos, de 2 e 6 anos de idade, mas diz que se pudesse não perdia um único concerto. “Vêm sempre artistas muito bons”, sublinha.

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