CEBI mantém o espírito irrequieto e sonhador de José Álvaro Vidal
Fundação CEBI de Alverca prestou homenagem ao seu principal impulsionador. José Álvaro Vidal, falecido prematuramente em 1999, foi o fundador do império social da Fundação CEBI. O município que o viu nascer, Moura, ofereceu uma oliveira centenária para perpetuar a sua memória no pátio do CEBI. Uma homenagem repleta de emoções.
O espírito “irrequieto, solidário e sonhador” de José Álvaro Vidal, o homem que foi o fundador do império social do que é hoje a Fundação CEBI de Alverca, concelho de Vila Franca de Xira, está mais vivo do que nunca naquela instituição.
A garantia foi deixada na manhã de segunda-feira, 9 de Abril, por Ana Maria Lima, presidente do conselho de administração daquela fundação, durante a cerimónia de evocação da memória de José Álvaro Vidal, que consistiu na transplantação de uma oliveira centenária oferecida pelo município de Moura, terra natal do dirigente associativo, dentro do recinto da fundação. Os alunos da instituição ajudaram a dinamizar o momento.
“Esta homenagem é feita de uma forma muito sentida. Em 1995 conheci o José Álvaro Vidal e o seu modo de estar solidário. Era um homem que incomodava muita gente e que gostava que se fizesse o que tinha de ser feito. Preocupou-se sempre mais com a vida dos outros do que com a de si próprio. É preciso que continuemos a sonhar e cada um de nós que vive o dia-a-dia desta casa dá o seu melhor, nessa busca do humanismo e solidariedade”, notou Ana Maria Lima.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, lembra o carácter forte do fundador do CEBI e o “conjunto de boas vontades” que ele reuniu em torno da causa da solidariedade. “Recordo a sua capacidade de liderança e o seu carácter humanista. Foi um homem ímpar e um grande amigo. Este momento tem um valor profundamente simbólico, que perpetuará o seu legado e nos inspirará ao longo dos próximos anos”, notou.
Álvaro Azedo, presidente da Câmara de Moura, elogiou o trabalho “extraordinário” que é feito pela Fundação CEBI e garantiu que a ligação entre o CEBI e o município de Moura não se ficará apenas pela homenagem.
Obra social começou em 1968
Já dizia José Álvaro Vidal que mais do que alguém entrar na instituição como visitante, deveria fazê-lo como amigo. Não hesitava em pedir a quem podia ajudar quando isso era necessário. Faleceu em 1999. Era um homem com visão de futuro e com uma enorme vontade de servir. A sua forma de estar cativou governantes de todos os quadrantes. Foi dirigente associativo, autarca e colaborou com várias publicações regionais e nacionais, assinando artigos corajosos no período quente após o 25 de Abril. Natural de Moura mas acolhido em Alverca, a primeira tarefa desenvolvida por José Vidal na cidade foi um levantamento histórico da freguesia que permitiu localizar o pelourinho que estava desmontado. Em determinado momento da sua vida apercebeu-se que a pobreza era tal que as crianças de Alverca precisavam de apoio. Por isso, em 1968, lançou as bases do que então se designou por Centro de Bem-Estar Infantil, que começou a sua actividade como jardim-de-infância com o apoio da Paróquia de Alverca. Após um longo processo de transformação, a 25 de Novembro de 1995, a CEBI foi constituída como Fundação e nunca mais parou de crescer. Em Dezembro de 2009 a Presidência da República atribuiu-lhe, a título póstumo, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.
Secundário e lar são novidades nos 50 anos da Fundação CEBI
A Fundação CEBI celebra em 2018 os seus 50 anos de vida e a grande novidade está no arranque do ensino secundário na instituição já a partir do próximo ano lectivo. Essa é a expectativa da presidente do conselho de administração da fundação, Ana Maria Lima. “Enquanto eu continuar quero seguir os princípios e valores com que José Álvaro Vidal baseou esta obra. Além do secundário estamos a finalizar a aquisição de um novo terreno em Alverca para construção do novo lar de idosos”, adianta a O MIRANTE.
O terreno, situado na rua da estação onde em tempos funcionou a Escola Infante Dom Pedro, está “praticamente negociado” e apenas “pendente de processos burocráticos”. A líder da fundação admite uma “forte expectativa” em que o processo avance e o lar seja uma realidade nos próximos anos.
“Queremos fazer um lar para idosos nas suas várias vertentes. Sabemos que hoje a esperança de vida aumentou e há vários tipos de apoio que podem ser dados de acordo com as patologias de cada idoso. Queremos dar um envelhecer com felicidade aos mais velhos. Se [o José Álvaro Vidal] fosse vivo estaria certamente feliz pelo que a instituição tem alcançado e acredito que ele está sempre a acompanhar-nos”, conclui.