Assembleia Municipal de Santarém tenta adiar projecto para requalificar avenida
Presidente da câmara diz que o processo não vai parar e que foi eleito para tomar decisões. Moção do PS, aprovada com a ajuda de alguns eleitos do PSD, defende que as obras na Avenida D. Afonso Henriques devem ser integradas num projecto mais amplo que inclua o vizinho Campo Infante da Câmara.
A Assembleia Municipal de Santarém aprovou uma moção da bancada do Partido Socialista que defende o adiamento do processo tendente à requalificação da Avenida D. Afonso Henriques, no centro da cidade, e a elaboração, até final do ano, de uma solução integrada para toda a zona dessa avenida e Campo Emílio Infante da Câmara.
A moção foi aprovada com a ajuda de alguns eleitos da bancada do PSD, afectos à ala de José Gandarez, que alinharam com a posição dos socialistas. O PS considera que essa intervenção na Avenida D. Afonso Henriques só faz sentido se for integrada num projecto global para aquela zona e afirma que “uma inadequada intervenção afectará de forma irreversível o futuro de toda a área envolvente”.
Do outro lado está a maioria PSD que gere a câmara e também a direcção da bancada do partido na assembleia municipal, liderada por João Neves, que se sustentam numa informação do Departamento Técnico e Gestão Territorial - Divisão de Obras e Projectos do município (ver caixa) para alegar que a requalificação da avenida não colide com uma posterior intervenção no Campo Infante da Câmara.
A O MIRANTE, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), diz que esta decisão da assembleia municipal não vai afectar o processo que visa a requalificação da avenida, que se encontra na fase de elaboração do projecto. “Fui eleito para tomar decisões” diz. A empreitada tem fundos comunitários garantidos e, segundo o autarca, é mesmo para avançar, embora sublinhe que respeita as posições da assembleia municipal e que é importante consensualizar ideias já em 2019 sobre o futuro do Campo Infante da Câmara.
Campo Infante da Câmara como espaço de lazer
Ricardo Gonçalves recorda que desde 1994, quando a Feira Nacional de Agricultura passou para o CNEMA, que se vem discutindo o futuro do antigo campo da feira, inclusivamente com concurso de ideia e um plano de pormenor que deram em nada. Considera por isso “irrealista” que a moção do PS venha estipular um prazo de seis meses para a Câmara de Santarém elaborar e apresentar à assembleia municipal um estudo prévio que contemple uma solução integrada para toda aquela zona. O autarca considera que o Campo Infante da Câmara deve ser uma zona destinada ao lazer e continuar a ser o palco das Festas de São José, o que invalida ideias como a que defende José Gandarez, seu adversário interno no PSD, que enquanto dirigente da União de Santarém defende a criação de uma cidade desportiva nessa zona, tendo mesmo apresentado um esboço desse projecto. Ricardo Gonçalves também não concorda com a construção de uma biblioteca no local, como defende o movimento Mais Santarém (ver caixa).
O que dizem os técnicos
A informação do Departamento Técnico e Gestão Territorial - Divisão de Obras e Projectos do município é objectiva e clarificadora: “As soluções apresentadas no estudo prévio foram desenvolvidas na expectativa de que viesse a ser elaborado um projecto de requalificação para o Campo Emílio Infante da Câmara, tal como referido na memória descritiva e justificativa desse estudo, pelo que não se propôs a ocupação de áreas desnecessárias para o cumprimento dos objectivos que se pretendiam atingir, nem se avançou com propostas de desenho urbano dentro da área do campo, evitando assim comprometer ou condicionar qualquer intervenção futura”.
Mais Santarém propõe 12 medidas
A associação cívica Mais Santarém entregou no dia 2 de Julho, aos eleitos do executivo municipal, um documento com 12 propostas para a reabilitação do Campo Infante da Câmara resultantes de um processo de debate que envolveu 30 personalidades do concelho. A proposta admite a existência de alguma construção, de pouca densidade, sugerindo equipamentos públicos “vitais para o concelho”, como uma sala de espectáculos para 400/500 espectadores, o arquivo e a biblioteca municipal e a manutenção da Casa do Campino e da Monumental Celestino Graça.
Sobre o campo de futebol Chã das Padeiras, defende a sua manutenção como espaço desportivo, “mas sem ser um condicionante ao programa funcional”. Por outro lado, apela ao debate com os feirantes do mercado quinzenal que decorre aos segundos e quartos domingos naquele espaço para a sua deslocalização, a prazo, para outro local da cidade.