Agroglobal está de volta para semear negócios no meio das culturas agrícolas em Valada
Feira caminha para se afirmar como a maior do sul da Europa e tem este ano 370 expositores. A Agroglobal, que começou em 2009 como Feira do Milho, é hoje um espaço de troca de experiências, mas sobretudo um espaço de afirmação da agricultura portuguesa. No recinto, onde se faz agricultura todo o ano, quem está é para saber o que pode fazer de novo e não apenas para mostrar o que tem novo.
É uma feira que trata os assuntos agrícolas com profundidade e profissionalismo e está de volta entre os dias 5 e 7 de Setembro no campo, que é onde se faz a agricultura. Na Agroglobal, que começou por ser apenas uma feira dedicada ao sector do milho, fazem-se negócios. Não é uma feira estática onde se mostram coisas, é um espaço dinâmico de troca de experiências, que quer afirmar-se como a maior feira agrícola do sul da Europa. E tem condições para isso a avaliar pelo crescimento que tem tido desde o início.
Este ano a Agroglobal, rodeada de campos de milho e de espaços de ensaios de outras culturas, como a amêndoa, tem 370 expositores. Chamamos-lhe expositores, mas no fundo são entidades e empresas que estão no local essencialmente para contribuírem para fazerem algo novo e não apenas mostrar o que têm novo. Joaquim Pedro Torres, o organizador do evento, que conta com parceiros como o INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Câmara do Cartaxo e este ano, pela primeira vez, a Câmara de Santarém, resume num slogan o que se faz na feira: “Nós semeamos negócios”.
Joaquim Pedro Torres explica que as empresas montam as suas próprias feiras dentro da feira que é a Agroglobal. Há dois espaços de restauração, junto ao Tejo, com vista para o rio, que já está requisitado por várias entidades para levarem convidados, clientes e potenciais clientes a tratarem de negócios e falarem em ambiente informal de agricultura e outros temas que a ela estão ligados. A organização da feira está sempre disponível para facilitar e promover a aproximação entre entidades.
É por causa desta dinâmica e não só, também porque é uma feira no espaço onde se faz agricultura, que o número de expositores já está muito longe dos 100 do primeiro evento feito em 2009, na altura designado Feira do Milho. Logo após a primeira edição percebeu-se que o certame não podia ficar apenas por esta cultura e evoluiu. Tem evoluído todos os anos. Joaquim Pedro Torres, profissional da agricultura, percebeu que podia dar um contributo para a melhoria, a troca de experiências e a discussão das questões do sector.
A agroglobal decorre em Valada do Ribatejo, concelho do Cartaxo e tem uma periodicidade bianual. Além das empresas agrícolas, algumas multinacionais, a feira tem também no espaço outras entidades que têm relação com o sector, como entidades bancárias e petrolíferas, por exemplo. Apesar de ser uma feira essencialmente profissional, a Agroglobal está aberta a toda a gente e recebe milhares de visitantes, alguns deles já de fora de Portugal.
Como defende Joaquim Pedro Torres, a Agroglobal contribuiu para transmitir uma imagem diferente daquilo que é o agricultor e a agricultura e que não tem a ver com a imagem que algumas pessoas têm. A agricultura é hoje um sector com pujança e evoluído tecnologicamente. A organização tem tido a preocupação de levar à feira personalidades que nada têm a ver com esta área de negócio só para ter uma opinião de quem está de fora. E, conta Joaquim Pedro Torres, essas pessoas ficam admiradas.
O orçamento da Agroglobal já ultrapassa o meio milhão de euros. A responsabilidade financeira é de duas empresas, da Valinveste, Investimentos e Gestão Agrícola, de Joaquim Pedro Torres, e da Agroterra.
Rosto da feira foi condecorado com a Ordem de Mérito Agrícola
Joaquim Pedro Torres, 61 anos, o rosto da Agroglobal, foi condecorado no 10 de Junho, em 2009, durante as comemorações do Dia de Portugal, em Santarém, pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial. Na altura ainda não tinha atingido a projecção que a Agroglobal lhe tem dado, mas era e é uma referência no sector agrícola.
Licenciou-se em 1972 no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa, tendo feito estágio na Estação Zootécnica Nacional, no Vale de Santarém. Foi forcado dos Amadores de Santarém durante nove anos. Em 1977 avança com a primeira iniciativa empresarial agrícola, com a produção de melão em Salvaterra de Magos, que acabou por não correr bem. Dois anos depois ingressou nos quadros da então Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste, na Divisão de Hidráulica e Engenharia Agrícola, mantendo em paralelo algumas iniciativas empresariais agrícolas, como a criação e engorda de perus e produção de milho em parcelas arrendadas.
Ingressou em 1983 no Banco Pinto e Sotto Mayor, na recém criada Direcção de Agricultura Industrias Alimentares e Pescas, chefiando a delegação do Ribatejo e Oeste, com sede em Santarém. Em 1989, o aumento de dimensão potencial da actividade agrícola leva-o a criar, em sociedade com a Irricampo (representante de equipamentos de rega), a empresa Valinveste, Investimentos e Gestão Agrícola, vocacionada para a produção agrícola, acompanhamento técnico em explorações agrícolas de terceiros e estudo e preparação de projectos de investimento.
Em 2008 a Valinveste atinge a facturação de 12 milhões de euros. É uma empresa sem terras que foi uma das maiores (e em alguns anos o maior) produtoras de milho e beterraba da Europa Comunitária. Hoje é o maior produtor nacional de milho.