Chainça não perdoa professora que era “impecável” mas que matou o marido
Alguns vizinhos que mesmo depois do crime a elogiavam não a querem por perto
Mesmo depois de Margarida Rolo, de 43 anos, ter confessado ter morto o marido, no dia 16 de Agosto, usando um martelo e uma faca, alguns vizinhos referiam-se a ela como uma pessoa impecável e sempre pronta a ajudar os outros. Mas agora parece que ninguém quer ter por perto a professora do ensino especial da escola da terra.
Colocados por O MIRANTE perante a hipótese de a medida de coacção que lhe foi aplicada, de prisão preventiva, poder passar para prisão domiciliária ou pulseira electrónica, os vizinhos ouvidos pelo nosso jornal não a querem ver por perto. Nem deles nem dos seus dois filhos de 9 e 13 anos. E nesta altura ainda nem sequer são conhecidos os motivos e circunstâncias em que decorreu o crime.
Maurícia Rei, residente na Chainça, considera injusta outras medidas de coacção que não seja a prisão preventiva até ao julgamento. “Ela não teve respeito pelos filhos e destruiu completamente o conceito de família. Por isso, considero que não está de todo em condições para tomar conta dos filhos”, defende.
Outra moradora, Maria do Carmo Conceição, também defende a prisão preventiva. “Poderia admitir que ela pudesse esperar pelo julgamento em casa mas só para evitar que os filhos fossem para uma instituição. O lugar dela é na prisão”, diz.
Há 59 anos a residir na Chainça, António Bento conhecia bem a vítima por ter sido professor e ter dado explicações de Matemática ao seu filho mas isso não o faz vacilar. “Se fosse decidido que ela aguardasse julgamento fora da prisão seria uma decisão lastimável. E pior que isso seria se ela ficasse a viver com os filhos na casa onde eles foram felizes com o pai de quem gostavam imenso”.
O crime ocorreu na noite de 16 de Agosto. O corpo do marido de Margarida, o também professor, José Duarte, foi encontrado a esvair-se em sangue junto à piscina da vivenda onde o casal habitava, com uma faca espetada numa perna. Antes, os dois tinham tido uma discussão, situação que, segundo testemunhos, era habitual.
A professora não estava junto ao marido, tendo aparecido algum tempo depois de algumas pessoas acorrerem aos gritos de socorro. Momentos antes a alegada assassina dá conta que tinha confiado os filhos à guarda de uma vizinha. Apesar de assistido no local José Duarte acabou por falecer devido à brutalidade do ataque a martelo e faca.
Margarida Rolo começou por dizer às autoridades que tinham sido assaltados por três homens encapuzados que teriam fugido pelas traseiras mas mais tarde confessou o crime.
José Duarte era natural do Barreiro e professor de Matemática na Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes. Residia há 15 anos na Chainça, altura em que se casou com a mulher, e tinha dois filhos menores.