Vereador do PS corta relações com executivo CDU de Benavente
Em causa o processo disciplinar e as polémicas em torno do Plano Director Municipal. Socialista Pedro Pereira anunciou esta semana um corte definitivo de relações com o executivo CDU que gere a Câmara de Benavente. Em causa estão, entre outros motivos, o processo disciplinar de que foi alvo, que considera “injusto e canalha”.
O vereador do PS na Câmara de Benavente, Pedro Pereira, anunciou esta semana um corte de relações com o executivo CDU que gere o município. O socialista, que é funcionário da câmara e foi alvo de um processo disciplinar, diz que as suas intervenções na câmara vão resumir-se ao estritamente necessário na defesa das populações.
O autarca justifica a decisão com dois motivos: o polémico dossiê do Plano Director Municipal (PDM) - que já levou a que o vereador do PSD, Ricardo Oliveira, abandonasse a comissão que o elaborava invocando falta de diálogo e partilha por parte do presidente – e o processo disciplinar que lhe foi movido e que diz ser “injusto e canalha”. O autarca queixa-se que as intervenções que vão sendo feitas pelos eleitos da CDU querem apenas manchar a sua imagem política e profissional e por isso escreve que prefere ser “verdadeiro” do que “hipócrita e fingir que está tudo bem”.
A O MIRANTE, Pedro Pereira acusa a CDU de mentir e inventar factos, quando terá dado a entender na campanha eleitoral que o PDM ainda não fora publicado por impedimentos da oposição. O socialista usa uma linguagem forte ao dizer: “não simpatizo com mentirosos, maldosos, desonestos e ditadores, não consigo ter a mínima admiração e respeito por pessoas e políticos desta natureza”. O presidente da câmara, Carlos Coutinho (CDU), já havia negado as acusações de Pedro Pereira, considerando que o processo PDM é transparente e que está em banho-maria por causa das constantes acções em tribunal interpostas pela associação ambientalista Quercus.
Pedro Pereira, que nas últimas eleições conseguiu o melhor resultado de sempre para o Partido Socialista no concelho de Benavente, admite que é a primeira vez em 40 anos que corta relações com um executivo e garante que não tenciona voltar à Câmara de Benavente na qualidade de funcionário enquanto a gestão CDU permanecer na liderança do município.
Pedro Pereira pediu mobilidade como funcionário para a Câmara de Alenquer, depois de ter sido castigado com 30 dias de suspensão sem vencimento, no âmbito do processo disciplinar por ter discutido com o seu chefe de divisão. Está a decorrer um recurso no tribunal. O autarca da oposição diz que há dualidades de critérios, porque em Julho, um funcionário que agrediu outro a murro teve uma pena de repreensão escrita. Situação que o presidente recusa, esclarecendo que no caso das agressões foi diagnosticado um transtorno psicológico no agressor, que serviu como atenuante.