Flor do Trevo celebra dez anos ao serviço da música popular portuguesa
Grupo de Alverca lança o seu primeiro trabalho discográfico no sábado, 20 de Outubro.
O grupo de música popular portuguesa, Flor do Trevo, vai brindar o público com um concerto de lançamento do seu primeiro CD, no sábado, 20 de Outubro, na sede da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense, pelas 16h00. Os Flor do Trevo são de Alverca e comemoram este ano o seu décimo aniversário.
Estrearam-se em palco em Novembro de 2008, na sede da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense, em Alverca do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira, onde agora se preparam para dar o concerto de apresentação do primeiro CD. Além de músicas bem conhecidas do público português os Flor do Trevo têm cinco originais, que se juntam à colectânea de músicas do CD “10 anos a cantar música popular portuguesa”.
Os timbres dos homens e mulheres que soam em harmonia com os instrumentos vêm de norte a sul do país e até das ilhas, mas é Alverca do Ribatejo, cidade onde residem, que os une. A localidade serve até de mote para o single do CD “Flor do Trevo”, que canta “as gentes, a aviação, o choupal e o pelourinho”. Este projecto musical utiliza instrumentos tradicionais como o cavaquinho, o bandolim, o acordeão, que se aliam aos dedilhados e ritmos da guitarra, do baixo acústico, acompanhados pela batida da bateria e outros instrumentos de percussão.
Cuidado com a imagem e sentido de humor
Animados e com sentido de humor, os 11 músicos não vestem qualquer trapo quando se trata de encarar o público. De calça preta, no caso dos homens, ou saia comprida, para as mulheres e camisa preta ou vermelha, o grupo orgulha-se por “não andar de qualquer maneira” e de “chamar à atenção” pela vestimenta cuidada.
Carlos Paloma, 65 anos, guitarrista e um dos cérebros musicais do grupo, tem ar mais roqueiro e confessa que não se identifica com o estilo da indumentária, mas lá faz o esforço para combinar com os restantes músicos. “Quando fui fazer a audição para entrar no grupo e vi o traje antiquado que usavam disse-lhes que ou mudavam as roupas ou não tocava com eles”, conta o guitarrista, referindo-se a um traje que o grupo usava anteriormente e que fazia lembrar “os garçons que servem às mesas”.
“É preciso inovar na música popular”
“A música popular portuguesa não se pode meter toda no mesmo saco. Como em todos os estilos há boa e má música”. A opinião é de Elídio Marques, 67 anos, director musical. Este homem dos sete instrumentos - toca acordeão, cavaquinho, e tudo o que tenha cordas - assume algum conservadorismo no seu gosto musical e fica fora de si quando uma nota sai ao lado. Mas reconhece que “é preciso inovar na música popular e dar-lhe uma nova roupagem”. Deixaram temas mais antiquados para trás e começaram a introduzir músicas como o “Pica do Sete”, de António Zambujo, o “Barco vai de Saída”, de Fausto Bordalo Dias, e “A Noiva”, inspirada na versão dos Tais Quais. Umas mais antigas do que outras, são músicas intemporais e com as quais é possível chegar aos ouvidos do público, na opinião deste grupo.
Dar música a um país onde se paga para tocar
Os Flor do Trevo somam 10 anos de palco e estradas percorridas, mas confessam que não é fácil gerir os gastos monetários das deslocações. João Ramalho, 65 anos, presidente do grupo confessa que por vezes têm de negar convites, porque quem organiza “não oferece transporte, ou qualquer valor monetário para assegurar as despesas de deslocação”.
Esta é uma das lacunas que os grupos de música enfrentam em Portugal, neste caso, ligeiramente amenizado por um protocolo que estabeleceram com a Câmara de Vila Franca de Xira. “Cedem-nos o espaço para ensaiar e dão-nos uma verba anual. Em contrapartida o grupo tem de fazer três actuações a pedido do município”, explica Madalena Soares, 67 anos, um dos elementos fundadores. O compromisso das três actuações não é fardo pesado para o grupo, já que quanto mais palcos pisarem, mais o grupo dá a conhecer o seu sol-e-dó ao público do concelho.