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Recolha de amostras do surto de legionella levanta dúvidas em julgamento
Leonel Ferreira, do Forte da Casa, esteve 16 dias em coma induzido por causa do surto de legionella

Recolha de amostras do surto de legionella levanta dúvidas em julgamento

Inspectora da PJ revelou em tribunal forma como as autoridades recolheram material

A recolha de amostras de água contaminada das torres de refrigeração da empresa arguida no processo do surto de legionella que em 2014 atingiu o concelho de Vila Franca de Xira foi feita em garrafões de água banais e não em frascos esterilizados. A informação foi avançada pela inspectora chefe da Polícia Judiciária (PJ) na primeira sessão do julgamento da primeira acção cível apresentada no âmbito do surto de legionella que afectou o concelho.
A forma como foram recolhidas as amostras nas torres de refrigeração da ADP – Adubos de Portugal - tem sido a principal dúvida dos advogados de ambas as partes. A responsável da PJ confirmou perante o juiz que, à data, os técnicos da Administração Regional de Saúde terão cumprido com os protocolos de recolha de amostras, mas fizeram-no recorrendo a garrafões de água que previamente despejaram, secaram e voltaram a encher com amostras contaminadas, quando usualmente a Inspecção Geral do Ambiente (IGAMAOT) usa frascos esterilizados.
“Para não haver dúvidas ouvimos especialistas na matéria para saber se a utilização dos garrafões poderia implicar alterações das amostras e disseram-nos que não. Mas há realmente uma diferença [entre as amostras recolhidas pela ARS na ADP e a IGAMAOT no dia seguinte com outros frascos] que é significativa nos resultados porque, entretanto, acreditamos que tenham sido usados produtos de desinfecção. A ARS fez um trabalho de saúde pública e não de investigação criminal, por isso os seus procedimentos não são os mesmos que os da IGAMAOT”, explicou.
A PJ continua a manter a convicção de que houve falhas no processo de retoma do funcionamento das torres de refrigeração depois da sua paragem para manutenção e que isso terá levado à disseminação da legionella estirpe ST1905, a mesma que viria a ser encontrada em vários doentes, incluindo em alguns que vieram a morrer.
As autoridades também encontraram a bactéria da legionella noutras fábricas da zona, num centro comercial e vários cafés, mas numa estipe que não é perigosa para o ser humano. A PJ sustenta que o elevado calor levou a uma proliferação rápida da bactéria que prontamente se espalhou nas gotículas da ventilação da fábrica.
O julgamento da primeira acção cível deste caso deverá conhecer uma decisão em Novembro. O processo de Leonel Ferreira, do Forte da Casa, é o primeiro a avançar em julgamento. Reclama 200 mil euros por danos patrimoniais e morais.
No banco dos réus está a ADP – Adubos de Portugal, empresa onde as autoridades encontraram a mesma estirpe que estava presente nas vítimas.

Recolha de amostras do surto de legionella levanta dúvidas em julgamento

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