Mexer o café e depois comer a colher
Empresa de Santarém liderada por dois jovens vai lançar no mercado um produto inovador: objectos biodegradáveis e comestíveis para mexer o café que são uma mais valia ambiental em relação aos artigos de plástico.
Substituir as paletas de plástico para mexer o café por paletas comestíveis, é o produto inovador que Pedro Cadete e Luís Simões vão lançar no mercado no início de 2019. A fábrica na Alemanha onde vai ser feita a produção já está a postos para começar a trabalhar nesse produto. A Delta Cafés e o canal Horeca (hotelaria, restauração e cafetaria) são, para já, os principais clientes em carteira.
A ideia da empresa Soditud, sedeada na Startup de Santarém desde 2017, é aproveitar os desperdícios ou subprodutos da indústria agro-alimentar, dar-lhe utilização e serem comestíveis. Neste caso, pode, muito em breve, começar a mexer o café com estas paletas biodegradáveis e, em vez de as deitar no lixo, passar a comê-las. “Claro que ninguém será obrigado a comer as paletas mas mesmo que as deite no lixo, este é um produto biodegradável que vai ser uma opção alternativa ao plástico ou aos paus de canela”, explicou o escalabitano Pedro Cadete a O MIRANTE.
O mercado está atento e a ideia inovadora mereceu já uma distinção por parte da InovCluster, que lhe atribuiu o prémio Agro-Cluster Emprrendedorismo - Inovação e Tendências 2018. “Já existe no mercado loiça, palhinhas e outros produtos biodegradáveis e comestíveis, mas ainda não há paletas para mexer o café”, apontou.
O produto é inovador e a matéria-prima utilizada na sua composição e confecção é também pioneira. Aproveitar os desperdícios alimentares das indústrias agro-alimentares, como por exemplo a maçã, que é o primeiro sabor que a Soditud está a testar nas paletas, é a grande inovação.
Este é o primeiro produto pensado e criado de raíz pelos dois empresários, uma vez que a Soditud nasceu, inicialmente, como uma empresa que colocava no mercado nacional produtos biodegradáveis e comestíveis criados por outras empresas.
A espanhola Sorbos criou as primeiras palhinhas comestíveis e aromatizadas do mercado e a polaca Biotrem criou loiça biodegradável e comestível. “A nossa função foi sermos parceiros destas empresas, para trazer para o mercado português os seus produtos. Ao fim de pouco tempo conseguimos colocá-los também nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”.
Os jovens empreendedores, ambos formados na área do marketing pelo Politécnico de Santarém, quiseram ir mais longe e criar o seu próprio produto. “Sempre fomos muito preocupados com as questões ambientais e, depois de começar a trabalhar na área, ainda mais. Deixar um mundo melhor para os nossos filhos é a nossa principal preocupação”, enquadrou Pedro Cadete.
Empreendedores com preocupações ambientais
Os jovens empreendedores foram em busca de alternativas e apoios para localizar a fábrica em Santarém ou em qualquer sítio em território nacional, mas foi “impensável”. Para além de não haver fábricas portuguesas que garantam a confecção de excelência do produto, o capital que precisavam para obter certificações, licenças e vistorias, rondava o meio milhão de euros. Os empresários viram-se empurrados para o estrangeiro.
A fábrica que já confeccionou os primeiros moldes está localizada na Alemanha e com 150 mil euros conseguiram o aval da banca para começar a produção. “Esta é uma fábrica que tem este tipo de produção licenciada e certificada, por isso correu tudo muito bem”, diz Pedro Cadete.
O preço das paletas vai rondar os 5 cêntimos a unidade. “Esta é uma questão que é sempre um bloqueio, na medida em que as paletas de plástico têm o valor de 2 cêntimos a unidade. Mas queremos acreditar que as mentalidades vão realmente despertar”, remata Pedro Cadete.