Fulminante Manuel Serra d’Aire
Escrevo-te a uma semana do Natal para te dizer que já há algumas semanas que ando a receber emails, SMS, sinais de fumo e outros tipos de mensagens a desejarem-me as boas festas. Das primeiras vezes li e reli, não fosse ali haver uma gralha e tratar-se de votos de boas sestas. Mas não, é mesmo aquilo: Boas Festas! Obviamente, vou agradecendo a gentileza, para não dizerem que sou uma espécie de Mr. Scrooge ribatejano, mas não consigo perceber por que carga de água se formulam votos a uma distância tão grande de um determinado acontecimento.
Alguém deseja um bom fim de semana à namorada ou ao namorado (atenção às coisas da igualdade de género) a uma segunda-feira? Alguém diz boa tarde à vizinha ou ao vizinho às oito da manhã? Ou boa tarde às dez da noite? Claro que não! Então para que serve e de onde vem este fervor em relação ao Natal. Será conluio com o comércio, para nos incutir logo no final de Outubro o espírito consumista que nos leva a arejar as carteiras com mais facilidade? É um mistério que me atormenta há alguns anos e para o qual não tenho resposta.
Quem também não tem recebido respostas a tempo e horas são os eleitos da Assembleia Municipal da Chamusca, quando questionam o presidente da câmara sobre determinados assuntos da vida autárquica. Segundo rezam as crónicas, o socialista Paulo Queimado só responde aos autarcas por escrito, via email, o que demonstra um elevado apreço pelas novas tecnologias, inversamente proporcional ao apreço que parece ter pelo debate democrático que deve ser pedra de toque em qualquer sessão de assembleia municipal.
Mas, por outro lado, eu também entendo a linha de pensamento do autarca Paulo Queimado. O homem vem do sector privado, era empresário e patrão de si próprio, e provavelmente ainda não se habituou a ser indagado e escrutinado pela oposição. Para mais, sendo ele o presidente da câmara, portanto líder da autarquia que paga as senhas de presença dos deputados municipais. Vendo bem as coisas, estes oposicionistas que lhe fazem a vida negra são uns mal-agradecidos, porque os 60 e tal euros da senha de presença por cada sessão da assembleia municipal ainda dão para uma valente mariscada. E em vez de comerem e calar ainda vão para as sessões moer o juízo a quem tanto os preza e abona... Cambada de ingratos!
Os atentados ao espírito natalício prosseguem por este nosso Ribatexas. Este ano, em Rio Maior incendiaram o comboio turístico; no Cartaxo quiseram deitar fogo à Casa do Pai Natal; em Santarém roubaram luzinhas de boas festas; em Mação levaram peças decorativas de algumas rotundas. E em anos anteriores roubaram a rena do Pai Natal em Rio Maior (ou terá sido resgatada pelo IRA?); decapitaram um camelo (não deve ter sido o IRA!); e até roubaram o menino Jesus do presépio em Santarém. Só falta mesmo derreterem o gelo de alguma das inúmeras pistas que agora há por cá. E se fossem marrar com um comboio????
Saudações natalícias do
Serafim das Neves