As redes sociais, a PSP e o bem-estar do canídeo de Tomar
Fizeram bem em tratar com bom humor, na secção O Cartoon da Notícia, a ida da polícia a casa de uma família de Tomar que tinha sido acusada pelos activistas das redes sociais, de estar a maltratar o seu cão. No entanto o assunto não deixa de ser grave. A polícia foi ao local, constatou que o animal está a ser bem tratado e foi-se embora. Os indignados das redes sociais lá continuarão a indignar-se com coisas menores enquanto os problemas maiores não são alvo de protestos.
Há algum tempo, no Observador, a propósito de uma outra indignação das redes relacionada com outro assunto sem grande importância, um dos colunistas daquele jornal, Alberto Gonçalves, escreveu algo que eu subscrevo e transcrevo (por não ter capacidade para dizer o mesmo de uma forma melhor).
“E eis o ponto a que chegámos no ano da graça de 2018. Nas sociedades democráticas, informadas, tecnológicas e instruídas, o cidadão médio aceita com curiosa pacatez que o Estado o roube, que os partidos o gozem, que a banca o humilhe, que o jornalismo o engane, que os sindicatos o manipulem, que o poder, em suma, o atropele com testemunhas e despreocupação. Se, porém, acontece algures uma patetice sem vestígio de influência no seu quotidiano, saiam da frente do cidadão médio, cego de raiva e inchado de moralidade, em corrida desenfreada até à “rede social” mais próxima para denunciar injustiças e promover punições”.
Nuno Filipe Torrinha Resende