Católicos do “Mais Coração” e grupo evangélico “Abraçar a Cidade” apoiam carenciados
A sociedade dá e os voluntários das duas organizações entregam a quem mais precisa. Em Santarém, separados por uma escassa centena de metros, há dois projectos de ajuda alimentar aos mais necessitados. Nasceram com o objectivo de dar apoio aos carenciados mas os seus membros pertencem a igrejas diferentes. “Fazer o bem sem olhar a quem” é a premissa pela qual se rege o grupo católico “Mais Coração”, com base na Igreja de Nossa Senhora da Piedade. O grupo do “Abraçar a Cidade” é sustentado pela Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
Segundo João Diogo, coordenador do “Mais Coração”, a ideia de formar o grupo surgiu da conversa entre vários membros da comunidade relativamente à necessidade de dar uma resposta em termos alimentares a pessoas sem-abrigo mas também a outras que, apesar de não dormirem na rua não tinham rendimentos suficientes para ter uma alimentação digna. “O nosso objectivo é dar algum conforto, servindo dois jantares semanais, às terças e quintas-feiras”, conta.
Para concretizar aquele apoio foram constituídos dois grupos de voluntários. O grupo da cozinha e o do acolhimento. O primeiro confecciona a refeição e chega por volta das 17h30, a sua missão é fazer sopa, confeccionar um prato principal e preparar uma sobremesa. O segundo chega por volta das 19h30 e transforma a sala de reuniões da paróquia numa sala pronta a receber o jantar, que é servido às 20h00. Muitos produtos alimentares chegam à Igreja de Nossa Senhora da Piedade levados por particulares que colaboram anonimamente, mas também acontece serem doados por empresas da região.
“Não há marcações para o jantar. Nunca sabemos quantas pessoas vão aparecer”, diz o coordenador, congratulando-se por não se fazerem perguntas a ninguém. Mesmo assim vai recebendo algumas palavras de agradecimento que lhe dão ânimo: “Vimos aqui porque somos tratados como família”, afirmam grande parte dos utentes.
No “Mais Coração” fazem também distribuição de cabazes, uma vez por mês, a famílias que tendo algumas condições para cozinhar em casa preferem levar os bens. A média mensal de cabazes distribuídos é de 25, o que corresponde a 25 famílias. “Umas vezes vão mais cheios, outras vezes mais vazios, depende das dádivas que temos para partilhar”, diz-nos João Diogo. “Recebemos toda a gente e não tem que haver nenhuma ligação à igreja católica. Acolhemos indianos, paquistaneses, romenos, entre outros”, acrescenta.
João Diogo, assistente administrativo no liceu de Santarém, afirma a
O MIRANTE que no “Mais Coração” não há controlo nem de quem come nem de quem dá. “Somos simplesmente as mãos que distribuem. Somos os intermediários da comunidade”, diz-nos com a calma que caracteriza os beneméritos. Encontrámos a mesma expressão no rosto do pastor Albino.
Grupo de oitenta voluntários para “Abraçar a Cidade”
No projecto “Abraçar a Cidade” o pastor António Albino, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus está reunido com o “núcleo duro” dos voluntários que distribuem alimentos diariamente por volta das seis da tarde e que preparam e servem o “Jantar Solidário”, aos terceiros sábados de cada mês.
Na reunião estão a sua esposa Noémia, Luísa Almeida, que é uma das fundadoras do projecto, Beladina, que coordena o “Jantar Solidário”, e Albano Nunes, o tesoureiro da igreja. O pastor António Albino diz que o projecto conta com cerca de oitenta voluntários. “Além dos cabazes, feitos com base no número de pessoas do agregado familiar que é apoiado, o que oferecemos é carinho e conforto a pessoas que muitas vezes nos chegam destroçadas”, refere.
Os alimentos para o projecto da Igreja Evangélica Assembleia de Deus resultam de parcerias com o Pingo Doce (lojas do W Shopping e de São Domingos) e com o Aldi de Santarém. Também a Pastelaria Santa Clara, paredes meias com a igreja, tem por hábito doar o remanescente do dia. Aqueles alimentos são utilizados nos cabazes distribuídos diariamente. Já o projecto “Jantar Solidário” conta apenas com os donativos dos próprios membros da congregação.