É preciso ter boa disposição e gostar de crianças para se ser um bom Pai Natal
O MIRANTE falou com os pais natais que estão de serviço nesta época do ano em Almeirim e Santarém e ficou a saber como chegaram a essa função e quais os requisitos necessários para se cumprir bem a missão.
Todos os anos, em Dezembro, dezenas de pessoas colocam as vestes de São Nicolau e dão vida ao sonho de muitas crianças. O Pai Natal está por todo o lado, em ilustrações ou em carne e osso, como os que foram recrutados para animar o Natal em Almeirim e em Santarém, nos programas promovidos pelos respectivos municípios e entidades parceiras. Quem é, afinal, que está por detrás das barbas brancas?
Sebastião Pereira tem uns redondos 80 anos, mas uma genica de um jovem de 20 anos. Começou a mascarar-se de Pai Natal quando os netos eram pequenos e só há sete anos começou a levar essa função mais a sério, animando as crianças em Santarém durante a quadra natalícia. Esta é a primeira vez que faz de Pai Natal em colaboração com a Câmara de Santarém, depois de sete anos a trabalhar com uma perfumaria no centro histório da cidade.
“É sempre uma animação. As crianças, realmente, são o melhor do mundo e não há nada melhor que ver um sorriso nas suas caras”, confessa o reformado que sempre trabalhou voluntariamente a fazer de São Nicolau. “Sempre fui convidado e aceitei”, revela, destacando que os principais requisitos para ser Pai Natal é ter espírito natalício e, principalmente, gostar de crianças.
Sem as habituais barbas brancas e a barriga do Pai Natal, Sebastião faz questão de vestir todos os anos a mesma roupa e colocar os mesmos adereços. É a mulher que dá um jeitinho com as suas mãos para a costura quando a roupa fica estragada aqui ou ali. “São os ossos do ofício”, admite o voluntário que diz já estar habituado ao frio quando veste aquelas vestes. “Tudo pelas crianças e pela cidade que tanto gosto”, confessa a O MIRANTE.
E quem pensa que Sebastião é o típico reformado que passa os outros onze meses do ano sentado no sofá, com umas pantufas calçadas a ver televisão, desengane-se. O Pai Natal de Santarém, acompanhado da esposa, Maria Pereira, de 73 anos, frequenta as aulas de danças de salão nos Alunos da Apollo de Lisboa e, quando pode, participa em concursos de dança. “Somos um casal maravilha”, revela, enquanto lança uma gargalhada.
Da rádio para a Casa do Pai Natal
Sérgio Teodósio, 47 anos, é locutor numa estação de rádio em Almeirim. É a primeira vez que faz de Pai Natal em colaboração com a Câmara de Almeirim, apesar de já ter alguma experiência nestas andanças em lojas no concelho.
Apesar de não deixar crescer as barbas, faz questão de ter a típica barriga do São Nicolau. “Isto é o resultado de muito trabalho e de muitas patuscadas e sardinhadas”, conta o animador de rádio, que recebe um pequena quantia para fazer de Pai Natal. Sérgio conta que sempre gostou de crianças e de experienciar novas coisas. Foi por isso que, quando o convidaram, aceitou de imediato. “O recrutamento foi muito simples. Perguntaram-me se podia fazer e disse logo que sim”, adianta, confessando que não passa frio com a indumentária que o município lhe forneceu.
Para Sérgio, nem todos estão preparados para fazerem de Pai Natal nos tempos que correm. É que, diz, não é preciso apenas ser bem-disposto e animado, tem também de se ter “algum perfil” para isso. “E isso não acontece com todos”, refere.