Requalificação do mercado de Alhandra não ata nem desata
Câmara de Vila Franca de Xira e Misericórdia de Alhandra não se entendem. Município quer que a renda que paga seja reduzida, caso faça obras no local. Misericórdia de Alhandra, proprietária do imóvel, diz que não vê essa proposta com bons olhos.
O edifício onde funciona o Mercado Municipal de Alhandra precisa de obras de requalificação e melhoria mas o processo está num impasse há meses e não se sabe se, e quando, a intervenção irá avançar. O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, quer fazer obra mas defende que, caso isso aconteça, é estar a substituir-se ao proprietário do imóvel (a Associação do hospital civil e Misericórdia de Alhandra) e exige que a renda seja reduzida.
A Misericórdia de Alhandra está pouco receptiva à ideia e não parece querer abdicar da renda de dois mil euros que é cobrada ao município. “As obras que precisam de ser feitas no mercado são muito avultadas, estamos a falar de telhas ainda de fibrocimento, contendo amianto e há o problema da falta de luz no interior do espaço. Vamos ter uma reunião com a Misericórdia para sensibilizar para nos poderem reduzir a renda. Podem não ter condições para fazer a obra mas podem ter para baixar a renda”, defende Alberto Mesquita.
O autarca reconhece que é preciso dinamizar o espaço para atrair mais visitantes. “Estamos a pensar em 2019 e 2020 fazer ali obras de acordo com os compromissos que fizemos com os vendedores. Já fizemos um levantamento das necessidades”, explicou o autarca numa das últimas reuniões públicas de câmara.
A O MIRANTE, o provedor da Misericórdia, Brandão Soares, conta que não tem havido quaisquer negociações e defende que o mercado a funcionar é algo que interessa sobretudo à câmara municipal. “Já nos colocaram este problema do mercado em 2016, mas neste momento não temos conversado”, nota. O dirigente admite que a Misericórdia está “pouco receptiva” a baixar o valor da renda, apesar de ver com “bons olhos” as obras pois o espaço “bem precisa”. “Se não arranjarmos o espaço fechamos as portas do mercado. A existência do mercado também convém à autarquia”, nota o provedor.
Em 2015 O MIRANTE já tinha dado nota do desabafo de vários comerciantes e moradores daquela vila face à crescente degradação do espaço. Diz quem ali vende que é preciso um piso novo, pintura nova nas paredes, melhor iluminação, novas bancadas e, sobretudo, que sejam reparados os problemas no telhado, porque sempre que chove com mais intensidade a água infiltra-se e, no limite, chega a obrigar os comerciantes a tapar os alimentos para que não lhes chova em cima. O espaço tem cerca de uma dezena de comerciantes, entre vendedores de fruta, peixe e legumes.