Imaginemos um mundo melhor porque não faz mal tentarmos
Um poeta e sonhador que foi morto a tiro em Dezembro de 1980, escreveu e cantou, nove anos antes de ser assassinado, uma canção chamada “Imagine” que me tocou particularmente por falar no sonho de um mundo sem fronteiras, sem religiões, sem céu nem inferno, nem coisas pelas quais valesse a pena lutar ou morrer.
Quando Portugal aderiu à União Europeia, então CEE e mais tarde à moeda única, pensei que a utopia de um mundo cantado por esse poeta e antes dele por outros, não era irrealizável.
Claro que tudo onde o homem toca destrói e é isso a que tenho vindo a assistir. A minha esperança reside nos homens bons que querem defender este bastião da paz e da livre circulação de pessoas e bens contra minorias idiotas que erguem bandeiras bafientas para convencer ingénuos que há coisas que caem do céu sem que tenhamos sequer de mexer um dedo.
Erguem-se muros, sonham-se fronteiras com arame farpado, fomentam-se divisões de países em quintais e quintalinhos, encarniçam-se alguns pela ressuscitação de freguesias liliputianas e medram como silvas, seres mesquinhos, egoístas e idiotas. Abrantes, não é a melhor terra do Mundo, nem tem que ser. E o mesmo acontece com todas as outras terras, chamem-se elas, Constância, Alcanena, Serra de Santo António, Samora Correia, Vaqueiros ou Arrouquelas.
Resta-me a consolação de ter podido assistir ao derrubar da ditadura em Portugal no 25 de Abril de 1974, de ter podido viver numa União Europeia que foi fundada sobre valores solidários e de ter visto cair o muro de Berlim. Quem puder e quiser, meta-se num carro com a família ou com amigos e atravesse a Europa de ponta a ponta para usufruir do prazer de viver num canto do mundo...sem fronteiras. Boa viagem. Bom ano de 2019.
Fernando de Carvalho