De funcionário público a empresário de restauração
O primeiro trabalho de Maia Mendes foi como ajudante de cozinha e a paixão ficou-lhe para sempre.
A morte dos pais de Manuel Maia Mendes, quando tinha apenas sete anos, traçou-lhe um rumo inesperado na vida e ensinou-o a não se resignar perante as contrariedades. Nasceu em Lisboa e aos sete anos foi para um orfanato. Quando atingiu a idade limite foi transferido para um colégio religioso em Braga e posteriormente para o Colégio La Salle, em Abrantes, pertencente a uma ordem religiosa francesa, que mais tarde passou a ser o Liceu de Abrantes, actual Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes. Tinha 14 anos e foi aí que começou a trabalhar como ajudante de cozinha.
Entretanto, os cozinheiros principais faleceram e Maia Mendes assumiu o papel de cozinheiro principal. Pelo meio meteu-se o serviço militar obrigatório e foi como paraquedista que foi mobilizado para a guerra colonial, em Moçambique, durante três anos. Quando regressou da tropa foi visitar os colegas ao Colégio La Salle e percebeu que todo o pessoal que lá trabalhou estava a transitar para o Estado. Maia Mendes foi assim integrado na administração pública.
Começou como contínuo, no colégio da ordem religiosa francesa, e após ano e meio concorreu para os serviços administrativos e mais tarde para os quadros técnicos. Chegou a trabalhar no Liceu D. Pedro V, em Lisboa, e reformou-se como técnico de primeira da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha.
Conheceu a esposa em Abrantes e viveu sempre nessa cidade. Em paralelo com a sua profissão, nunca largou a restauração. Nos tempos livres trabalhava em casamentos e baptizados. “A área da restauração foi sempre uma grande paixão desde jovem por isso nunca a deixei por completo”, conta a O MIRANTE.
Negócio com balanço positivo
A esposa trabalhava num restaurante em Abrantes mas há cerca de ano e meio decidiram arriscar e abrir o seu próprio restaurante. O Bom Garfo foi inaugurado em Julho de 2017 e o balanço não podia ser mais positivo. “Felizmente tem corrido bem, embora com muito sacrifício. Uma casa destas tem muitos encargos e muitas despesas. Tivemos que criar uma clientela de raiz porque este espaço estava fechado há mais de cinco anos. Mas temos conseguido fidelizar os clientes e isso é o mais importante”, sublinha o empresário.
O Bom Garfo dispõe de duas salas. Uma serve os clientes que optam pela diária, que inclui sopa, prato do dia, bebida, sobremesa e café, por oito euros. Noutra sala, mais reservada, e com uma vista privilegiada sobre as colinas de Abrantes, os clientes podem optar pelos pratos disponíveis na carta do restaurante.
A especialidade da casa é lombinho no tacho com camarão, é o prato com mais saída. Também têm bacalhau à lagareiro, bacalhau à Bom Garfo, churrasquinho, com várias carnes grelhadas, entre outros pratos. Para variar a ementa, todas as semanas trocam os pratos. “Não queremos cansar os clientes”, diz.
As sobremesas são todas caseiras e o restaurante aposta em alimentos frescos. A esposa é a cozinheira enquanto Maia Mendes trata da parte administrativa do restaurante e serve às mesas. No entanto, sempre que é preciso ir para a cozinha, o empresário vai matar saudades do que tanto gosta de fazer.
Além do serviço de restaurante, também fazem casamentos e baptizados no estabelecimento. Maia Mendes quer continuar a crescer nesta área de negócio. O empresário considera que o espaço está bem localizado, no entanto, está prejudicado, diz, pelos prédios envolventes e pela bomba de gasolina que lhe tiram visibilidade.
Na sua opinião, a Câmara de Abrantes e os hoteleiros deveriam criar um plano para dinamizar os restaurantes da cidade. “No Verão recebemos turistas e pelo menos um casal queixou-se, em conversa comigo, que os museus estavam fechados e que os cafés e restaurantes do centro histórico também estavam fechados. Assim, os turistas deixam de querer conhecer Abrantes e optam por outras cidades”, critica Maia Mendes, de 65 anos.