Descargas no rio Grande da Pipa vão chegar a tribunal
Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira diz que está na hora do caso seguir para a justiça. Agência Portuguesa do Ambiente diz que está a efectuar diligências para resolver o problema com origem em empresas da zona de Arruda dos Vinhos que descarregam efluentes poluentes para o curso de água afluente do Tejo.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) está a efectuar as diligências necessárias no sentido de serem resolvidos, rapidamente, os problemas sentidos com descargas ilegais de efluentes poluentes no rio Grande da Pipa, que atravessa os concelhos de Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira.
A garantia é dada numa resposta enviada ao gabinete dos vereadores do Bloco de Esquerda na Câmara de Vila Franca de Xira, na sequência de uma reclamação apresentada por aqueles autarcas.
A APA explica que está, em conjunto com a ARHTO, entidade de limpeza e desobstrução de linhas de água, “a acompanhar a Águas do Tejo Atlântico e a Câmara de Arruda dos Vinhos na execução das medidas necessárias para garantir a eficiência do processo de tratamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Arruda e a minimização dos efeitos decorrentes da descarga de efluentes”.
Ainda assim, o problema continua e voltou a ser tema de debate em reunião pública do executivo de Vila Franca de Xira. O presidente do município, Alberto Mesquita (PS), voltou a mostrar-se incomodado com a situação e defendeu que o problema seja resolvido nos tribunais. “Isto tem de ir para outro patamar, sei que o presidente da Câmara de Arruda tem-se esforçado para resolver o assunto, mas sozinho não vai conseguir”, notou.
Tal como O MIRANTE já noticiara, são três as empresas do concelho de Arruda sinalizadas e suspeitas, aos olhos das autoridades do ambiente, de serem as autoras das descargas ilegais para a ETAR. Os primeiros alertas para a situação foram deixados por moradores da zona na página do ambientalista Arlindo Consolado Marques e motivaram uma acção mais diligente das diferentes entidades fiscalizadoras do ambiente. A população de Vala do Carregado, em Castanheira do Ribatejo, é a mais afectada pelos focos de poluição, que têm origem em descargas ilegais enviadas para a ETAR sem tratamento.
A empresa responsável pela estação de tratamento, a Águas do Tejo Atlântico, já tinha explicado que em 2014 foram efectuadas ligações da ETAR à rede da Zona Industrial das Corredouras, até então a descarregar directamente para a linha de água, revelando que recentemente, de forma ocasional, o efluente que tem chegado à ETAR contém também uma substancial carga industrial de origem desconhecida que leva à degradação da qualidade de descarga face ao habitual. A empresa defendia ainda a punição de todas as situações de descargas para a ETAR que sejam detectadas “sem o exigido pré-tratamento industrial”.