Mata ex-companheira após vê-la a dançar
Ana Silva, a ceramista da Chamusca, foi atingida com dois tiros de caçadeira à saída de uma danceteria da Golegã. O crime foi presenciado por uma sobrinha do homicida que o acompanhava para tentar evitar o pior.
Rui Vieira, 62 anos, andava cego de ciúmes, sobretudo depois de saber que a sua ex-companheira, Ana Silva, da Chamusca, tinha um novo relacionamento. O homicida, que ficou em prisão preventiva, começou a dizer que a matava e no domingo, 17 de Fevereiro, deslocou-se à danceteria São Martinho, na Golegã, e viu-a a dançar com o novo namorado. Quando ela saiu do estabelecimento, pouco antes da meia-noite, matou-a no parque de estacionamento com dois tiros de caçadeira. O namorado da vítima sofreu ferimentos numa mão. O suspeito do homicídio foi depois refugiar-se em casa da irmã.
Na altura em que se deu o crime, a sobrinha do agressor estava na danceteria e assistiu a toda a tragédia. A familiar falou com O MIRANTE mas não quis dar a cara. Conta que este teve uma relação de oito anos com Ana Silva, 53 anos, e que sempre houve momentos altos e baixos. As várias discussões e a relação pautada por desconfianças levou a vítima a acabar com a relação. E entretanto chegou a apresentar queixa às autoridades devido às ameaças do ex-companheiro.
Rui Vieira, operário fabril numa empresa de curtumes em Alcanena, nesse domingo almoçou como habitualmente na casa da irmã, em Parceiros de São João, concelho de Torres Novas. Nessa altura disse que ia ver a ex-companheira à danceteria. Os familiares tentaram demovê-lo, mas sem sucesso. A sobrinha foi a única que o acompanhou, acreditando que conseguiria impedir o trágico desfecho. Chegaram ao estabelecimento por volta das 21h00 e o homicida assistiu durante cerca de duas horas à ex-companheira a dançar várias vezes com o namorado.
Depois de ter disparado a caçadeira que tinha na bagageira do carro, Rui Vieira contactou a irmã e o irmão para relatar o que tinha feito e refugiou-se em casa da irmã, onde foi detido pelas autoridades. Rui Vieira residia sozinho em Riachos, concelho de Torres Novas, e tem quatro filhos maiores. A sua mãe morreu há três anos num acidente de ambulância quando estava a ser transportada para o Hospital de São José em Lisboa.
Vítima era vigiada pelo homicida
Ana Silva residia actualmente em Torres Novas e tinha uma oficina de cerâmica na Chamusca, onde produzia louça regional e painéis de azulejos. Actualmente, trabalhava na unidade de carnes da Sonae, em Santarém. Segundo amigos, gostava de frequentar danceterias. Deixa três filhos maiores.
Eduardo Alves, primo da vítima e proprietário do café O Campino, conta a O MIRANTE que Ana Silva foi feliz enquanto esteve casada com o pai dos seus filhos. Entretanto, o casal decidiu divorciar-se e Ana Silva começou a ter vários relacionamentos. “O Rui Vieira foi o que lhe deu mais problemas e discussões”, admitiu o empresário de 60 anos, lembrando que chegou a ver o homicida em frente da casa de Ana Silva, controlando todos os passos da vítima.
Eduardo Alves adianta que perdeu praticamente o contacto com Ana Silva depois de ela mudar de residência, primeiro para a Golegã e depois para Torres Novas. As cerimónias fúnebres de Ana Maria Silva realizaram-se na manhã de quarta-feira, 20 de Fevereiro, ficando sepultada no cemitério da Chamusca.
Vários homicídios na região
Em Dezembro de 2017, Luís Cardoso, cego de raiva, deslocou-se no carro da empresa até ao trabalho da mulher de quem se estava a divorciar e disparou dois tiros fatais contra Sandra Cardoso. Depois, ao ver que a mulher estava morta, suicidou-se. Em Agosto de 2018, a professora Margarida Rolo matou à martelada o marido, José Duarte, também professor, na habitação do casal na Chainça, concelho de Abrantes. O caso mais recente e mediático ocorreu em Julho do ano passado, nas Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira. O triatleta Luís Grilo estava dado como desaparecido e veio a descobrir-se o corpo com um tiro na cabeça.