Excesso de hotéis em Fátima prejudica empresários da cidade
Alexandre Marto diz que situação pode até colocar em causa a sustentabilidade dos mesmos a longo prazo. O MIRANTE esteve na 7ª edição do Workshop de Turismo Religioso, que decorreu em Fátima, e falou com alguns empresários e operadores turísticos.
Fátima pertence ao quinto concelho (Ourém) do país com maior número de hotéis, o que acaba por prejudicar os empresários do ramo hoteleiro da cidade. “Existe um grande desequilíbrio entre uma oferta excessiva de hotéis e procura por parte de turistas. O problema é que essa procura por parte dos turistas não produz taxas de ocupação muito altas, o que leva a que os preços médios dos hotéis sejam baixos devido à grande concorrência existente. Tudo isto leva a uma incapacidade de se pagarem salários mais elevados, a rentabilidade dos hotéis não é muita e até a sustentabilidade dos mesmos a longo prazo pode estar em causa”. A opinião é de Alexandre Marto, administrador do Fátima Hotels Group.
O empresário afirma que 2018 foi um ano pior do que 2017 mas esta era uma situação expectável uma vez que foi o ano em que se comemorou o centenário das Aparições e o Papa Francisco visitou Fátima. Alexandre Marto está optimista em relação ao ano de 2019 e também de 2020. “Fátima está sempre dependente do turismo a nível nacional. Se houver uma crise em Lisboa ou noutra região acaba por afectar o turismo em Fátima”, explicou. O Inverno continua a ser dramático para o turismo em Fátima com taxas de ocupação sempre baixas, embora tenha vindo a melhorar ao longo dos anos. A época baixa tem sido menos baixa que o habitual e mais curta. Para captar turistas o ano inteiro, Alexandre Marto defende que sejam criadas sinergias entre as unidades hoteleiras para que todos possam ganhar.
Para Daniel Lopes, da agência de viagens FC Tour Operator, de Fátima, o boom no turismo em 2017 trouxe alguns contras nomeadamente ao nível do aumento de tarifas e mudanças de condições contratuais, menos vantajosas para os operadores turísticos. “O facto de Portugal se ter tornado um destino mais apetecível aumentou os preços e piorou as condições. Tornou-se um destino mais para turistas individuais e menos para o turismo dos operadores”, explicou, acrescentando que Fátima continua a ser a âncora dos seus negócios.
Também Afonso Carreira, da agência de viagens Verde Pino, em Fátima, afirma que no ano de 2018 registou-se uma quebra por parte de alguns mercados, sobretudo o europeu, que começa este ano a recuperar e a querer voltar a Fátima. “O turismo religioso sempre vai existir por isso acredito que Fátima vai continuar a receber milhões de visitantes, sejam nacionais ou estrangeiros”, referiu. José Pedro é proprietário de um alojamento local em Vila Nova, Casével, concelho de Santarém. Decidiu participar no Workshop de Turismo Religioso para estabelecer novos contactos e saber novidades dos novos operadores, assim como tentar fazer negócios com pessoas interessadas em visitar o seu alojamento local.
Fátima e Tomar detêm 88% de todo o alojamento do Médio Tejo
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) marcou presença com um expositor na sétima edição do Workshop de Turismo Religioso. Miguel Pombeiro, que estava a representar a CIMT, considera que esta iniciativa é o elo de ligação com os restantes municípios do Médio Tejo. “O turismo religioso é um eixo fundamental da própria estratégia do Médio Tejo”, referiu. Em Fátima e Tomar estão 88 por cento de todo o alojamento da região do Médio Tejo. No entanto, a CIMT quer aproveitar os museus e património cultural que existe em todo o território para levar lá os turistas que vão conhecer Fátima e Tomar. Miguel Pombeiro refere que as entradas pagas em monumentos revelam que tem havido um aumento de turistas nos concelhos do Médio Tejo nos últimos tempos.