A Câmara de Torres Novas recusou a instalação de uma suinicultura de grande dimensão que a empresa Porval – Agropecuária, S.A. tinha intenção de construir na Quinta dos Caniços, freguesia da Brogueira, perto da Reserva Natural do Paul do Boquilobo, área integrada na Rede Natura Nacional. A recusa foi deliberada por unanimidade na reunião do executivo de 6 de Março.
Na reunião estiveram presentes cerca de 15 moradores de aldeias vizinhas para ouvir a deliberação do município e entregar um abaixo-assinado que reunia cerca de 175 assinaturas contra a instalação da exploração pecuária.
Depois de ter já levado uma recusa em Dezembro do ano passado, a câmara volta agora a sublinhar a sua posição, ao inviabilizar o Plano de Intervenção em Espaço Rústico (PIER) que a Porval entregou à autarquia. Este plano tinha como objectivo alterar a natureza e o regime dos solos, de natureza florestal, para outra tipologia que permitisse a implantação de actividades industriais, para que pudesse operar.
Segundo previsões dos empresários, a agropecuária iria produzir 25 mil porcos por ano estando em permanência entre oito a 10 mil animais no local. Apesar das grandes dimensões, seriam criados apenas cinco postos de trabalho. Apesar do parecer favorável, mas condicionado, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), a Reserva Natural do Paul do Boquilobo atribuiu um parecer desfavorável a esta alteração de regime dos solos, e coube agora à autarquia dar a decisão final.
Os impactos ambientais foram as justificações mais ouvidas por parte de todos os membros da vereação. “A qualidade do ambiente sobrepõe-se às necessidades económicas” da região, referiu o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira.
A possibilidade de prejudicar o potencial turístico da região e os valores da biodiversidade da natureza, bem como os graves problemas de saúde que surgem em populações que habitam paredes meias com as suiniculturas, foram outras das razões apresentadas para justificar esta recusa.