A presidente da Câmara de Rio Maior, Isaura Morais (PSD), ainda não decidiu quando vai abandonar as funções autárquicas para assumir a cem por cento a sua condição de cabeça de lista do PSD pelo círculo de Santarém às eleições legislativas de Outubro próximo, que lhe vão garantir assento na Assembleia da República. Mas será seguramente este Verão.
Em declarações a O MIRANTE pouco depois de se ter sabido que o presidente do PSD, Rui Rio, a havia escolhido para liderar a lista por Santarém - contrariando a indicação dada pela estrutura distrital do partido, que havia apontando o nome do líder distrital João Moura – Isaura Morais referiu que vai encarar este período de transição com tranquilidade, antes de entregar a liderança do município ao seu vice Filipe Santana Dias.
Certo é que a autarca vai estar presente nas reuniões de câmara de Julho (nos dias 12 e 26). Depois, mete-se Agosto e as férias e em Setembro começa a campanha. Isaura Morais vai primeiro pedir suspensão do mandato e só após ser eleita deputada vai renunciar ao cargo autárquico para que foi reeleita em 2017.

Muito honrada mas não surpreendida com a escolha
A presidente da Câmara de Rio Maior, que em 2009 roubou esse município ao PS, diz que ficou “muito honrada” mas não surpreendida com a escolha do seu nome para cabeça de lista do PSD por Santarém, considerando que se trata de um reconhecimento do seu percurso político por parte de Rui Rio e da direcção nacional do partido. E refere que o seu nome já tinha sido aflorado por alguns militantes nas reuniões internas da distrital do PSD.
“Não houve qualquer volte-face. O presidente do partido sempre disse que exerceria a prerrogativa de ser ele a indicar os cabeças de lista pelos vários círculos eleitorais e foi isso que fez também aqui no nosso distrito”, declarou Isaura Morais a O MIRANTE
O líder distrital, João Moura, parece ter encarado com desportivismo essa escolha do presidente do partido, pois, citado pela rádio TSF, disse que esta é “uma conquista e uma vitória para a distrital”, considerando que o nome de Isaura Morais “coaduna-se com a estratégia de ter alguém com ligação ao distrito” como cabeça de lista. Isaura Morais, recorde-se, figurava no terceiro lugar da lista aprovada pela distrital de Santarém do PSD há cerca de duas semanas.
Uma mulher de armas e sem papas na língua
Viúva e mãe de uma filha, Isaura Morais, 53 anos, é uma mulher de armas e sem papas na língua. Em 2009 conseguiu a façanha de derrotar nas autárquicas o ‘dinossauro’ socialista Silvino Sequeira e assim ‘roubar’ a Câmara de Rio Maior ao PS. No mandato anterior tinha sido presidente da Junta de Freguesia de Rio Maior, sua primeira experiência na vida autárquica.
A partir daí foi sempre a subir. Chegou a presidente da câmara quatro anos depois e mais tarde foi (e ainda é) dirigente concelhia e distrital do PSD. A derrota que mais lhe custou digerir neste trajecto político foi em 2014, quando perdeu a reeleição para presidente da distrital do PSD para Nuno Serra.
Empresária no sector das artes gráficas, licenciada em Recursos Humanos com uma pós-graduação em Gestão de Marketing, Isaura Morais nasceu na Fonte da Bica (junto às emblemáticas salinas de Rio Maior). Os pais sempre se dedicaram à agricultura e à exploração pecuária, pelo que se habituou ao contacto com a terra desde criança. Em pequena dançou num rancho folclórico, aprecia danças de salão e sabe distinguir um bom vinho.

A vez de Filipe Santana Dias

Com a saída anunciada de Isaura Morais da liderança da Câmara de Rio Maior, a meio do seu terceiro e último mandato, sobe à cadeira do poder o seu vice-presidente Filipe Santana Dias. Curiosamente, Santana Dias tem um percurso político similar ao de Isaura Morais, pois também ele foi presidente da Junta de Freguesia de Rio Maior antes de chegar ao executivo camarário, onde está no seu primeiro mandato.
Político de discurso fluente e assertivo, Luís Filipe Santana Dias tem 40 anos e sempre viveu em Rio Maior, de onde é a família. Licenciou-se em Engenharia Zootécnica pela Universidade de Évora e trabalhou sempre ligado ao ramo das carnes.
Em entrevista a O MIRANTE em Março deste ano, quando confrontado com a possibilidade de vir a ser presidente de câmara, dizia: “Respondendo sem procurar o politicamente correcto, obviamente não vejo isso com maus olhos ou como uma impossibilidade, mas tenho muita vontade de cumprir a minha missão actual. A seu tempo, seguramente, as coisas vão definir-se”.