O ano passado um grupo de católicos radicais foi ao Festival Bons Sons, na aldeia de Cem Soldos, Tomar. Não foi lá para viver o ambiente de convívio fraterno, paz, tranquilidade e usufruto conjunto da música portuguesa mas apenas para gerar confusão e polémica.
Para o fazer centrou-se na apresentação de Afonso Dorido, autor do projecto musical “Homem em Catarse”, na igreja de S. Sebastião e para mostrar que o local tinha sido usado para coisas menos próprias, colocou nas redes sociais um solo de guitarra eléctrica de um dos temas apresentados com público bem animado a acompanhar com palmas. Foi quanto bastou.
A diocese de Santarém cedeu à pressão e apressou-se a recuperar recomendações relativas à apresentação prévia dos temas a executar nos espaços religiosos e à postura dos autores. A organização do festival argumentou que a utilização da igreja tinha sido feita com a concordância do pároco mas este ano não vai haver música na igreja.
O palco que era colocado na igreja de S. Sebastião chamava-se MPGDL, “Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” deixa assim de existir graças ao tal movimento de católicos radicais que podem agora vangloriar-se de ter expulso os “vendilhões do templo”, não à chicotada, mas por pressão sobre o Bispo.
Quanto aos artistas que iriam actuar em frente ao altar, passam para o antigo lagar onde foi instalado um novo palco a que foi dado o nome do guitarrista Carlos Paredes, falecido em 23 de Julho de 2004. São eles, Vénus Matina e Carlos Batista a 8 de Agosto; Adélia e Cal a 9; Mil Folhas e Pequenas Espigas a 10 e Telma e Vozes Tradicionais Femininas a 11.
Jaime de Jesus Bento