Exploração dos visitantes pela restauração de Tomar durante a Festa dos Tabuleiros
Chamo-me José Carlos Miranda. Nasci e vivo na cidade de Guimarães. Ao longo dos meus estudos, e depois por motivos familiares, sempre tive a cidade de Tomar como muito querida e com lugar especial no meu coração, pela sua história, pela sua paisagem, pelas suas gentes. Assisti pela primeira vez à Festa dos Tabuleiros este ano. Dela retiro dois tópicos que não posso deixar de expressar.
Aos olhos de um forasteiro, como eu, foi deslumbrante a mostra de capacidade de trabalho e de organização que tal evento poucos imaginam exigir. De facto, a alegria e orgulho, quer dos participantes quer dos tomarenses e visitantes ao longo das ruas nunca seria possível se por trás não houvesse uma estrutura bem unida e orientada. Não sou nabantino mas sou português, por isso sinto-me grato pelos valores que as Festas demonstraram. Parabéns!
Em contrapartida, não posso deixar de expressar a minha desilusão pela mancha que, para mim, ensombrou estas festividades. Houve estabelecimentos da cidade a praticarem valores exorbitantes em bens de necessidade básica, aproveitando-se da festa. Pagar 2,50 euros (sim, dois euros e meio) por um simples pão com manteiga numa pastelaria da cidade? Pagar 25 euros por um simples bitoque num restaurante de Tomar? Quanto pagaria uma família com um ou dois filhos?
Basta estar atento ao tipo de público que a cidade recebe por esta altura para percebermos que os visitantes são, na sua esmagadora maioria, portugueses (muitos de 3ª idade, de origem humilde) e não turistas estrangeiros aos quais os preços de Portugal não assustam. Logo, não compreendo a agressividade comercial com que as famílias que vos visitaram foram bombardeadas. Dá a ideia de que esses comerciantes querem matar a galinha dos ovos de ouro... E todos sabemos como termina a história...
Não posso deixar de exprimir a minha desilusão por tal acontecer numa cidade que se orgulha, e com razão, do seu legado templário, do seu núcleo cultural, empresarial e estudantil.
Não haverá alguém que faça alguma coisa para evitar que a falta de escrúpulos de alguns comerciantes continue a manchar a dignidade destas festas ímpares?
José Carlos Salgado Miranda