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MP diz que professora de Abrantes matou o marido de forma sádica e cruel
foto DR O Ministério Público pediu a condenação de Margarida Rolo acusada de ter matado o marido no Verão de 2018

MP diz que professora de Abrantes matou o marido de forma sádica e cruel

Ministério Público pede mais de 18 anos de prisão para a arguida, enquanto a defesa alega não ter havido premeditação do crime.

O Ministério Público pediu na segunda-feira, 15 de Julho, a condenação da professora acusada de ter matado o marido, no Verão de 2018, em Abrantes, a uma pena superior a 18 anos de prisão, tendo a defesa alegado não ter havido premeditação.
Nas alegações finais do julgamento iniciado no dia 10 de Maio no Tribunal de Santarém, o procurador do Ministério Público (MP) dirigiu-se à arguida frisando que esta “matou um ser humano de forma sádica, cruel e particularmente dolorosa”, após ter-lhe dado medicação “às escondidas”, e sem que tivesse “nenhum motivo”, pois considerou não ter ficado provado que tenha sido vítima de maus tratos, físicos ou psicológicos.
O advogado de defesa de Margarida Rolo alegou, por seu turno, não haver dúvida de que o crime ocorreu por “instinto animalesco” e em “legítima defesa”, num quadro de anos de violência doméstica, como refere o relatório médico e o depoimento da perita prestado durante o julgamento, pelo que, afirmou, “a existir, estaríamos perante homicídio privilegiado”.
O crime de homicídio privilegiado – “quando é praticado sob o domínio de uma compreensível emoção violenta, compaixão, desespero ou motivo de relevante valor social ou moral, que diminuam sensivelmente a culpa do homicida”, como refere o Código Penal – prevê uma pena de prisão até cinco anos.
Acusada pelo Ministério Público de homicídio qualificado pela morte do marido, também professor, em Agosto de 2018, a professora, de 43 anos, no seu depoimento inicial, negou a versão constante na acusação de que, descontente por o marido se querer divorciar, gizou um plano para lhe tirar a vida usando um martelo, de modo a atribuir a autoria da morte a pretensos assaltantes encapuzados.
Arguida diz que foi vítima de sofrimento durante anos
Na segunda-feira, num depoimento de novo entrecortado pelo choro, a mulher voltou a assumir a culpa e a confessar arrependimento por “um acto irreflectido”, lamentando que tenha sido posto em causa, tanto pelo MP como pelo advogado que representa a família da vítima, o sofrimento de anos, em que foi “molestada tantas vezes”, a ponto de afectar a sua dignidade.
Além de uma pena acima do quarto superior da pena máxima (25 anos) de homicídio qualificado, o MP pediu que o Tribunal declare a indignidade sucessória, impedindo que a arguida venha a herdar qualquer bem da vítima.
O mandatário da família da vítima frisou, nas suas alegações, a convicção de que a arguida, para se defender, não hesitou em, depois de tirar a vida ao marido, “tentar também matar a sua memória”, transformando uma pessoa “socialmente respeitada num monstro”.
O procurador do MP procurou demonstrar, recorrendo a algumas das imagens da cena do crime, que a vítima foi atacada quando estava deitada no sofá existente no alpendre da casa, considerando “inverosímil” a versão da arguida, de que foi primeiro atacada com uma joelhada no abdómen e que agarrou no martelo (com o qual deu os primeiros golpes) depois de o marido lhe dizer para ir ao parque com os filhos e vir “viçosa” porque seria nesse dia, o que ela terá associado à concretização da ameaça de que a queria ver a fazer sexo com outras pessoas, incluindo travestis.
O procurador frisou a grande violênciado crime – com dezenas de golpes desferidos primeiro com um martelo e depois com uma faca – e o facto de ter sido praticado com os dois filhos do casal a escassos metros (aguardavam no carro pela mãe para irem ao parque).
O advogado de defesa reafirmou as críticas à forma como foi conduzido o inquérito, em particular o facto de só ter tido acesso à acusação depois da imprensa.

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