Troca de mimos entre autarcas nas celebrações do Dia da Cidade de Alverca
Cidade entregou galardões de mérito a figuras da comunidade, mas na hora dos discursos o clima azedou entre a junta e a câmara municipal. Presidente da junta diz que Alverca precisa de mais atenção de Vila Franca de Xira. Presidente do município diz que há obra feita e que não vale tudo na política.
A sessão solene que celebrou os 29 anos da elevação de Alverca a cidade começou com sorrisos fáceis e apertos de mão mas rapidamente o clima ficou tenso quando, no seu discurso, o presidente da junta de freguesia, Carlos Gonçalves (CDU), puxou as orelhas à câmara debaixo de fortes aplausos da plateia.
Sem medo de usar palavras acutilantes, o autarca enumerou, ponto a ponto, os problemas da cidade que estão em banho-maria, lembrou que a política autárquica não é “dizer sim a tudo” mas sim dar resposta às necessidades da população, projectando o futuro com arrojo. “O vigor económico da nossa freguesia tem um grande impacto no orçamento da câmara. Só em Imposto Municipal sobre Imóveis pagamos mais de 5 milhões de euros. Mas depois a junta só recebe um por cento desse valor”, criticou.
Carlos Gonçalves lamentou que Alverca esteja esquecida e exigiu maior atenção da câmara, mais que não seja por ser “uma cidade maior que muitos concelhos” do Ribatejo. Falta de estacionamento, passeios por requalificar, parques infantis por melhorar, recolha de monos insuficiente, falta de acesso ao rio e podas insuficientes e mal feitas foram algumas das dores de cabeça que partilhou com a plateia.
E o presidente da junta viu o seu discurso interrompido por fortes aplausos quando lembrou à câmara que é “sua obrigação legal” resolver o imbróglio do velho cemitério da cidade, caso que O MIRANTE noticiou na última edição. “É um ponto negro da nossa cidade e não dignifica nada quem lá está sepultado”, criticou.
“Há outros momentos para se fazer política”
Na resposta, o presidente da câmara, Alberto Mesquita (PS), não escondeu o seu desagrado perante a intervenção, garantindo que “há outros momentos para se fazer política”, notando que poderia ter respondido ao rival político de outra maneira, mas que se escusava a fazê-lo. “Há muita obra em desenvolvimento. O senhor presidente não anda na rua de certeza para ver o muito que está a ser feito. Dizer que Alverca está esquecida é lapso de certeza. Mas é da vida”, acusou.
Mesquita defendeu “equilíbrio e bom senso” na tomada das decisões e lembrou que o orçamento da câmara “também é limitado” e que, no fundo, o líder de Alverca faz o seu trabalho, que é “reclamar sempre por mais”. Em 29 anos, defendeu, é possivel ver o desenvolvimento da cidade.
Na sessão foram distinguidos cinco cidadãos e uma empresa com os galardões de mérito da freguesia: Maria João Ferreira, a título póstumo (mérito autárquico); José Serafim, a título póstumo (mérito cultural); Alberto Fernandes (mérito social); Mafalda Ribeiro (mérito social); Jorge Frazão (mérito desportivo); e a Drogaria Popular (mérito empresarial).