Já foi eliminado o açude no rio Sorraia em Benavente
Construção gerou muita polémica e críticas nas redes sociais. Barragem construída em Julho pela Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira foi demolida na passada semana. Carlos Coutinho, presidente da Câmara de Benavente admite que, “em termos visíveis”, o corte do rio não afectou a fauna ou a flora locais.
O açude construído no rio Sorraia a 24 de Julho pela Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, para assegurar o sistema de irrigação dos campos agrícolas e evitar a perda total das culturas ali existentes, já foi demolido. De acordo com Joaquim Madaleno, director executivo da associação, os trabalhos tiveram início na quinta-feira, 22 de Agosto, e prolongaram-se pelo dia seguinte.
Segundo o responsável, desde o início da construção tinha sido apontado o final do mês de Agosto como altura para a remoção, o que se veio a verificar uma vez que os cultivos, nomeadamente o do tomate, já estão na fase de colheita e não requerem tanta água de regadio.
Joaquim Madaleno refere a O MIRANTE que a associação aproveitou a altura das marés mais baixas para executar os trabalhos de remoção do açude. “As marés rondam agora os 2,80 metros, quando podem atingir até um máximo de 4,30 metros, esta é a altura ideal para os trabalhos em causa”, defende.
Recorde-se que o açude foi a solução encontrada pela associação para combater os níveis preocupantes de salinidade da água do Sorraia (acima dos 1,8 gramas de sal por litro, quando o limite aceitável é de um grama por litro) e garantir a rega a cerca de 10 mil hectares.
Aquando da sua construção o açude levantou críticas na região, com ambientalistas e autarcas, como o de Benavente, a considerarem-no uma ameaça às condições hidrológicas e à fauna local e a fazerem chegar o assunto ao Governo.
Segundo o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), desde a criação do açude que a autarquia deu conta às autoridades competentes das preocupações ambientais que pudessem resultar do corte do rio, tendo o município colocado um técnico em permanência a monitorizar possíveis efeitos negativos na fauna ou na flora o que, adiantou, “em termos visíveis, não sucedeu”.
O autarca adverte, no entanto, que em situações futuras deve ser feito o acompanhamento da intervenção com estudos ambientais.
Praga de jacintos-de-água está a ser combatida
Já se iniciou a remoção das plantas infestantes, que estão a afectar a fauna e a flora num troço de cerca de 18 quilómetros do rio Sorraia, entre Coruche e Benavente. A intervenção com recurso a meios mecânicos não tem prazo de conclusão previsto.
Segundo Francisco Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Coruche, o início da remoção das plantas, já teve início e a operação irá decorrer “até se entender que os troços mais críticos estão completamente limpos”, não existindo, por isso, um prazo de conclusão. “Estamos a falar de uma intervenção com meios mecânicos. Não podemos estar a intervir no sentido de combater o jacinto pondo em causa o ecossistema, indo contra o meio ambiente”, vincou.
Segundo Francisco Oliveira, o fenómeno não é novo mas tem vindo a aumentar nos últimos anos, devido às alterações climáticas e porque o caudal é muito menor em relação a anos anteriores. Além disso, os terrenos agrícolas nas proximidades da margem do rio são ricos em fósforo, fosfatos e azoto que alimentam o jacinto-de-água.
Francisco Oliveira referiu em reunião do executivo que foi disponibilizada uma draga pelo município de Águeda. Autarquia que tem frequentemente o mesmo problema. De acordo com o autarca, os trabalhos de remoção dos jacintos-de-água vão ser coordenados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), estando marcada uma reunião para o início de Setembro entre esta entidade, os executivos municipais de Coruche e Benavente, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e outras entidades locais.