As vespas, as cinturinhas de vespa e o “boom” dos sem abrigo caninos
Esclarecido Serafim das Neves
Tu sabes o que é uma vespa asiática velutina? E se vires alguma és capaz de a distinguir, sem hesitações, de uma vulgar vespa, não asiática nem velutina? Em Tomar, na reunião desta semana do executivo municipal, um vereador chamado José Delgado, afirmou que havia populações aterrorizadas com a possibilidade de um inesperado encontro com a tal velutina e até propôs a divulgação de uma fotografia da mesma na factura da água, para alertar eventuais incautos.
Confesso que fiquei preocupado com a minha despreocupação... e com a minha ignorância. Eu sou do tempo em que se falava da cintura de vespa de algumas mulheres e das picadas que as línguas afiadas de outras tantas podiam provocar, mas não se falava de velutinas nem de populações aterrorizadas. E até a designação asiática remetia mais para ferroadas de desejo sexual do que para ferrões enterrados, digamos assim, em certas partes do corpo.
Se bem me lembro as abelhas eram castanhas e as vespas amarelas com riscas pretas ou pretas com riscas amarelas. Ambas espetavam o ferrão e quem fosse alérgico podia mesmo morrer se não fosse assistido, mas nesse bendito tempo não havia aterrorizados, nem redes sociais, nem sequer indignados.
A abelha, para além das ferroadas, dava mel, como acho que ainda dá, mas a vespa não dava mais nada. Já levemente aterrado corri para a internet mais próxima e descobri que uma picada de vespa e uma picada de vespa asiática têm o mesmo efeito. Doem para caraças! Quanto ao resto, a asiática come abelhas o que é um problema para os produtores de mel e para a biodiversidade pois as abelhas são polonizadoras mas, felizmente, não comem criancinhas ao pequeno almoço... nem vereadores ao jantar, presumo eu.
Ainda sobre cinturinhas de vespa, descobri que uma tal Cathie Jung, asiática, claro está, figura no livro dos recordes como recordista mundial. A sua cintura mede apenas 53 centímetros, ou seja, um cagagéssimo do tamanho da minha. Mas eu, em termos de cintura, sou cinturão largo, como sabes.
Continuando no reino animal, comunico-te que estou às voltas com um mistério canino. Dizem as narrativas que após a entrada em vigor da lei que proíbe o abate de cães como forma de controlar a sua proliferação, estão a aumentar os cães abandonados e os canis estão a rebentar pelas costuras.
Inicialmente pensei que era o resultado lógico da proibição de abate, mas depois de ouvir todos os responsáveis por canis dizerem que a lei não trouxe nada de novo porque já antes ninguém matava cães, fiquei baralhado. Se não os abatiam, o que lhes faziam? Ou será que depois da entrada em vigor da lei, todos os donos de animais desataram a mover-lhes acções de despejo de casas e apartamentos?
Se continuar este inusitado aumento dos sem-abrigo caninos não me admira nada que, a seguir à ideia de um Serviço Nacional de Saúde para cães e gatos, esteja a caminho uma proposta de criação de uma Segurança Social animal. E porque não... um salário mínimo para animais de companhia?
Cumprimentos livres
de vespas e ferroadas
Manuel Serra d’Aire