Em quase todos os locais onde são feitas obras fica sempre um restinho de areia, entulho, pedra, blocos... seja o que for. Por vezes a sensação que se tem é que se trata de um elemento essencial a qualquer concretização de obra. Uma espécie de assinatura de quem a fez.
Há restinhos de obras que ficam meses e meses. Há outros que ficam anos e anos. Há outros, os restinhos de obra “vintage”, chamemos-lhe assim, que ficam à porta do local onde acabou a obra, durante décadas. Há também o caso de restinhos de obra históricos, que deveriam ser classificados pela Direcção-Geral do Património. São aqueles que continuam a existir mesmo depois da obra da qual sobraram, já ter desaparecido há anos e anos.
No Cartaxo, onde regresso por vezes dado estar emigrado em França, conheci restinhos de obras históricos. Passavam os anos, o mundo girava, mas de cada vez que eu ia à terra, a montinho de pedras e areia continuava no mesmo local, como que a dizer que há valores e tradições bem sólidas no nosso Portugal.
Joaquim Maria Bentes