A Casa-Memória de Camões, em Constância, recebeu no sábado, 14 de Setembro, um encontro de poetas, leitores e amantes de poesia a propósito do lançamento da edição número seis da revista Nervo. A iniciativa resultou de uma parceria entre a Associação Casa-Memória de Camões e a Nervo.
“As coisas só existem porque há poetas por perto”; A frase é da autoria de Agustina Bessa-Luís e serve de inspiração para Maria de Fátima Roldão continuar a missão de levar poesia às pessoas. Professora, socióloga e editora da Nervo, Fátima encontra na poesia um abrigo para as suas emoções. “A poesia pode estar em todas as situações do quotidiano, por isso é muito difícil defini-la. Mas será sempre um conjunto de emoções que são transversais a toda a vida. É uma paixão”, referiu.
Todo o seu tempo livre é dedicado à revista. Embora nunca se sinta a trabalhar. “Quando se está num projecto com paixão não se trabalha”, afirma. Gosta muito de escrever mas não se considera poeta. Considera-se antes uma divulgadora de poesia que procura através da revista disponibilizar uma montra que mostre o que se está a fazer na poesia contemporânea e permitir às pessoas uma experiência emocional e uma cultura geral mais vasta.
A revista, com publicação quadrimestral, tem uma tiragem média de duzentos exemplares, é completamente autossustentável e não tem publicidade. “Não estou neste projecto para ganhar dinheiro. Quero apenas que ele seja um veículo de cultura”, afirma, reconhecendo que a poesia é pouco divulgada embora haja público interessado. “O problema não é a falta de público mas sim a falta de sítios para publicar poesia. As editoras editam muito pouca poesia. A não ser que se pague bem”, reitera.
Fátima Roldão diz estar bastante surpreendida com a aceitação da revista por parte dos leitores, tendo superado todas as suas expectativas. A possibilidade de contactar directamente com as pessoas e saber a reacção delas são motivos que já fazem desta revista uma marca de referência na região.
O encontro contou com a presença e os testemunhos do poeta Nuno Garcia Lopes e de Luís Grácio. O momento alto da iniciativa estava guardado para a actuação de um conjunto de jovens do grupo “Es-passo de Dança” que dançaram ao ritmo da poesia de Herberto Hélder.
Com quase dois anos de publicação, a revista Nervo promete continuar a trazer muita poesia e a fazer sonhar todas as pessoas que são apaixonadas pela literatura.