A Câmara de Santarém resolveu finalmente demolir o pavilhão industrial inacabado que há quase vinte anos constituía uma mancha na paisagem junto à movimentada EN3, no Alto do Vale, freguesia de Vale de Santarém. O esqueleto de tijolo e betão foi deitado abaixo pouco depois de O MIRANTE ter começado a fazer perguntas ao presidente do município e ao seu gabinete de apoio sobre que soluções se previam para aquele imbróglio com duas décadas. Da autarquia não obtivemos qualquer resposta concreta, pelo que na edição de 7 de Novembro de 2019 noticiámos que a situação se mantinha inalterada, quando afinal a estrutura tinha sido demolida precisamente nesse dia sem que a autarquia desse conta dessa operação.
Agora, com o pavilhão arrasado, resta saber o que se segue. Mais uma vez tentámos saber junto da Câmara de Santarém e desta vez obtivemos resposta. “Garantida que está a demolição do edifício e a total limpeza do solo, encontra-se a CMS a estudar com a Junta de Freguesia do Vale de Santarém qual o fim, mais adequado, a dar ao imóvel”, responde o secretário do presidente da câmara. Paulo Tiago Santos refere ainda “que se trata de um problema com muitos anos, cujo empenho dos serviços e técnicos municipais permitiu agora resolver definitivamente”.
Na edição de 7 de Novembro de 2019 noticiámos que há mais de vinte anos que Armando Jogo vivia paredes meias com um esqueleto de tijolo e betão construído nas imediações da sua casa e do que foi, em tempos, o seu café-restaurante Carroça do Jogo. O pavilhão industrial ficou a meio porque foi embargado pela Câmara de Santarém no mandato 2001-2005 e constituiu um obstáculo para que Armando Jogo pudesse expandir o seu negócio. Situação de que se queixou em tribunal, sem sucesso, o que o leva o morador a sentir-se injustiçado.
Em Fevereiro de 2006, a Câmara de Santarém decidiu adquirir o armazém inacabado, pagando 225 mil euros ao construtor e resolvendo um imbróglio jurídico-legal que já se arrastava há meia dúzia de anos. As duas partes chegaram a acordo após negociações, na sequência da recusa do então presidente da câmara, Moita Flores (PSD), em pagar a verba aprovada pelo anterior executivo, liderado por Rui Barreiro (PS), na ordem dos 385 mil euros.
O pavilhão industrial foi licenciado pela Câmara de Santarém no mandato 1997-2001 (era o socialista José Miguel Noras presidente do município), apesar de não cumprir algumas das regras urbanísticas em vigor. No mandato seguinte deu-se o embargo e o processo fez correr muita tinta.