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Nova empresa satélite da Fabrióleo contestada e empresário sente-se perseguido

Pedro Gameiro e a irmã abriram uma nova fábrica de tratamento de óleos em Vendas Novas, do género da fundada pelo pai em Torres Novas e que tem sido acusada de poluição. Apesar de o Estado ter tentado encerrar a fábrica ribatejana, foi aprovado financiamento para a unidade alentejana, mas a família abdicou de 1,5 milhões para “evitar mais perseguições”.


Ana e Pedro Gameiro, filhos dos donos da Fabrióleo, empresa de tratamento de óleos, situada em Torres Novas, acusada de poluição e que chegou a receber ordem de encerramento, abriram uma nova fábrica, em Vendas Novas. A empresa Extraoils – Oils 4 the Future, no distrito de Évora, foi criada no final de 2017 e a unidade foi inaugurada em Junho do ano passado, mas os moradores da zona já se queixam de maus cheiros. O administrador da Extraoils, Pedro Gameiro, desmente que haja maus cheiros em Vendas Novas e diz-se vítima de perseguição política.
Pedro Gameiro continua a refutar que em Torres Novas as causas do mau cheiro sejam da empresa fundada pelo pai, justificando que estes se devem “aos milhares de toneladas” de fezes de porco que são espalhadas nos campos de Carreiro da Areia. “Acusavam a Fabrióleo dos maus cheiros que se sentiam no centro comercial de Torres Novas. A empresa continua a laborar e há mais de um ano que não há maus cheiros no Torreshopping. É porque os maus cheiros não são da empresa”, garante. O empresário diz que se criou um grande alarido à volta da Fabrióleo, que está “há vários anos a ser perseguida politicamente pelo Bloco de Esquerda de Torres Novas”.
Quanto à nova empresa, que opera na mesma área da transformação de óleos, a Câmara de Vendas Novas deu um prazo até ao final de Janeiro deste ano para que a Extraoils volte a laborar dentro dos parâmetros ambientais considerados normais. A explicação de Pedro Gameiro para os problemas nesta localidade alentejana é de que se trata de situações pontuais e normais. E sublinha que os maus cheiros não têm de ser necessariamente da fábrica. O empresário realça que a Agência Portuguesa do Ambiente analisou o ar de Vendas Novas e o ar de Torres Novas e que “não há qualquer situação anómala a apontar”.
Em Março de 2018 o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) determinou o encerramento da exploração industrial da Fabrióleo, dando à empresa um prazo de dez dias para concretizar a decisão. A empresa interpôs uma providência cautelar no tribunal, pedindo a suspensão da decisão de encerramento. Em Fevereiro de 2019 O MIRANTE noticiou que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria considerou que a empresa foi alvo de um número superior de vistorias, ao que está legalmente estipulado. Na altura, a empresa considerou estar a ser alvo de tratamento discriminatório, em relação a outras empresas da mesma região que “passam incólumes e não estão sujeitas ao mesmo escrutínio e exigências”.
Segundo o tribunal só podiam ter sido efectuadas três vistorias de controlo à Fabrióleo, mas a vistoria realizada pelo IAPMEI a 23 de Janeiro de 2018, que fundamentou a decisão de mandar encerrar a unidade de Torres Novas, era já a quinta, o que invalidou o processo. O IAPMEI continua a considerar que a empresa não tem condições para obter a legalização de parte das suas instalações industriais, que foram alargadas e que não estão licenciadas. Recorde-se que a Fabrióleo fez já vários pedidos à Câmara Municipal de Torres Novas para obter a declaração de interesse público municipal (DIM), a única forma de poder legalizar as construções, mas a autarquia tem recusado.

Extraoils desiste de 1,5 milhões de apoios para evitar mais perseguições

A nova empresa da família Gameiro concorreu a fundos comunitários, num montante de um milhão e meio de euros, já depois de o IAPMEI ter tentado fechar a unidade de Torres Novas. Um ano depois de a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo ter aprovado a candidatura, a Extraoils enviou um pedido de desistência da candidatura. Pedro Gameiro explica, em declarações a O MIRANTE, que abdicou de receber o apoio à instalação da unidade para evitar mais perseguições às empresas. A unidade de Vendas Novas já tinha recebido quase 160 mil euros de apoios da União Europeia, segundo confirma o empresário. Mas essa verba está agora a ser devolvida em prestações.

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