O senhor Manuel Valamatos, que actualmente desempenha o cargo de presidente da Câmara Municipal de Abrantes, é muito generoso ao dar 25 dias de férias aos quinhentos e cinquenta funcionários municipais, porque o dinheiro não lhe sai do bolso, mas sim de quem tem apenas vinte e dois dias de férias, que são, por exemplo, todos os seus munícipes que não trabalham na câmara.
Manuel Valamatos não é presidente por ter sido eleito para o lugar mas porque a presidente, Maria do Céu Albuquerque, foi para ministra da Agricultura. Para o ano há eleições autárquicas e os votos dos funcionários da câmara e dos seus familiares são importantes. Ele quer ser eleito presidente e com esta decisão inicia a campanha eleitoral. Os restantes partidos com aspirações a conquistar a câmara irão apoiar a decisão, pois claro!
Os funcionários da Câmara de Abrantes já têm uns dias a mais de “férias”, mesmo antes desta prendinha entrar em vigor. São, a Terça-Feira de Carnaval e as “tolerâncias de ponto” de Páscoa, Natal e Ano Novo.
O que justifica aquela medida? É uma recompensa por terem um índice de produtividade elevado? Por terem uma taxa de abstencionismo extremamente baixa? Não. Nem de longe, nem de perto. Posso acreditar que a câmara não tenha trabalho para dar a tanta gente e na impossibilidade de dispensar pessoal (um funcionário público não pode ser despedido e um serviço público nunca vai à falência) reduza os dias de trabalho. No entanto, não creio ser disso que se trate.
A decisão da Câmara de Abrantes vai ter repercussões. O aumento dos dias de férias vai alastrar a todas as restantes câmaras municipais da região e do país. Tal como no caso das 35 horas de trabalho para certos sectores do Estado este é mais um caso de injustiça e discriminação entre portugueses.
Fernando de Carvalho