Arlindo Marques é Personalidade do Ano Cidadania
Arlindo Consolado Marques é um homem do povo que já ninguém ignora pela luta que tem travado sozinho contra a poluição do rio Tejo mas também de todos os seus afluentes
O olhar atento sobre o rio Tejo e o seu sentido crítico, que levou à denúncia de focos de poluição num dos mais importantes cursos de água do país, valeram-lhe o nome de Guardião do Tejo. Arlindo Consolado Marques nasceu em Ortiga, concelho de Mação, a 10 de Outubro de 1965, numa casa com vista para o Tejo.
O rio tornou-se desde cedo uma das suas grandes paixões. Foi no leito do rio Tejo que aprendeu a nadar e a pescar e, mais recentemente, foi ele que lhe deu projecção nacional e internacional devido às denúncias que fez contra a poluição. Devido à denuncia e às imagens que chocaram o país foi alvo de um processo por parte da empresa Celtejo que saltou para as páginas dos jornais e para os noticiários das televisões. A empresa acabou por desistir do processo mas Arlindo Consolado Marques não desistiu da sua luta. Guarda prisional de profissão, promete ficar de guarda ao rio, o que tem feito até hoje, denunciando todas as situações, mesmo que isso incomode os ‘grandes’.
Tudo começou há dois anos, a 24 de Janeiro de 2018, quando o rio Tejo ficou coberto por um manto de espuma branca com cerca de meio metro na zona de Abrantes, junto à queda de água do açude insuflável. Foram as denúncias de Arlindo Consolado Marques que chamaram a atenção dos meios de comunicação social nacional e internacional e o Governo a tomar uma posição sobre o assunto.
Com a visibilidade que ganhou mobilizou a população da região que chegou a angariar dinheiro para que se pudesse defender em tribunal.
A sua companheira preferia que não andasse nesta vida que dá muitas dores de cabeça e que acabou com o sossego em que viviam. Arlindo admite que nunca pensou que o que começou como uma revolta pessoal contra a forma como estava a ser tratado o Tejo tomasse as proporções que tomou. Nunca pensou ter o adjunto do ministro do Ambiente a telefonar-lhe para saber como está a poluição no Tejo.
Em entrevista a O MIRANTE, em Março de 2019, confessou ser um pouco tímido e não lidar bem com os directos na televisão mas enfrenta-os porque sabe que está a defender uma boa causa.
“Se não fossem os vídeos que publiquei a poluição continuaria e os peixes agora estariam todos mortos. Ficava triste e com raiva por ver os peixes mortos e a espuma no Tejo e ninguém fazer nada. Foi por isso que comecei a denunciar o que se estava a passar”, explicou.
Além dos focos de poluição, Arlindo Consolado Marques tem-se batido por outra causa em prol do rio: a necessidade de manter os caudais estáveis para não prejudicar a desova dos peixes. Nesta altura, os peixes como a saboga, a lampreia ou o sável, começam a subir o rio para desovar, sobretudo na zona acima da aldeia de Tancos. Se os caudais não são contínuos e a água não é suficiente os peixes não se conseguem reproduzir.
O guardião do Tejo faz questão de denunciar os actos de poluição na página de Facebook, onde tem mais de 27 mil seguidores, e no canal do Youtube, onde ultrapassa os 35 mil subscritores e já publicou mais de um milhar de vídeos.