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Jovens estudantes querem ajudar a mudar o mundo
Matilde Oliveira, Lara Alvarez e Mariana Melo, três das jovens presentes no XXII Encontro Internacional de Jovens Cientistas

Jovens estudantes querem ajudar a mudar o mundo

A Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém, recebeu o XXII Encontro Internacional de Jovens Cientistas. Mariana Melo, Matilde Oliveira e Lara Alvarez participaram na iniciativa e conversaram com O MIRANTE sobre as suas ambições, projectos de vida e os métodos que utilizam para um dia conseguirem fazer a diferença.

Meia centena de alunos, vindos de várias partes de Portugal e do mundo participaram no XXII Encontro Internacional de Jovens Cientistas que se realizou na Escola Secundária Sá da Bandeira, em Santarém, de 8 a 11 de Janeiro. O tema foi “A luta contra a desertificação: o grande desafio para os jovens”.
Mariana Melo, aluna do 12º ano do curso de Ciências e Tecnologias a participar pela segunda vez no encontro, diz que a desertificação se combate com a participação activa da população na reflorestação. “Se todas as pessoas plantassem uma árvore por mês, o mundo melhorava bastante”, garante.
A estudante tem 17 anos, é natural de Santarém e para o ano vai aventurar-se na vida universitária. Ainda não sabe que curso seguir, o que a está a deixar muito ansiosa. É o seu futuro que está em jogo e uma má decisão “pode ser a morte do artista”. A única certeza que tem é que vai estudar para o norte do país. “Preciso de estar longe de Santarém”, desabafa, e explica que é muito próxima da família e que tem de se desafiar a sair do ninho para voar.
É apaixonada por cinema mas o seu passatempo preferido é conviver com os amigos. Reconhece que, muitas vezes, as conversas de adolescente são mais do mesmo e com pouco conteúdo. “Gosto quando estou a conversar com alguém com uma boa cultura geral e a saber falar sobre vários assuntos”, explica a O MIRANTE.
Mariana Melo gosta de viajar e tem o sonho de conhecer Nova Iorque e Londres, mas estudar ou trabalhar fora do país está fora de questão. “Se todos fossem para fora o país não andava para a frente. Acredito que consigo fazer a diferença aqui”, afirma com entusiasmo.

População sai por falta de empregos e de oportunidades
Matilde Oliveira, 15 anos, é aluna da Escola Secundária Maria Lamas, em Torres Novas, uma das duas escolas que representaram a região na iniciativa (a outra foi a Escola Secundária Sá da Bandeira). Aluna de quadro de honra, média 17, diz que não vai ser cientista. Apesar de estar agora a iniciar o secundário, já decidiu que vai seguir Direito Internacional porque sempre teve fascínio pela área jurídica e pelas relações que são estabelecidas entre países. “Vivemos todos numa bolha e é preciso alguém que meta ordem nisto”, diz em jeito de brincadeira.
Com essa profissão também pode ter a oportunidade de andar sempre com as malas às costas e conhecer o mundo. Matilde Oliveira não se sente enraizada e a visão que tem de Portugal também não ajuda. “O abandono de população em regiões como o Ribatejo acontece porque há falta de grandes empresas e de oportunidades”, refere, e desafia os jovens a saírem porque é a correr riscos que se ganham experiências e aprendizagens.
Lara Alvarez, 16 anos, é uma das estudantes estrangeiras que estiveram no encontro. Vem da Galiza, Espanha, e apesar de não ser a primeira vez que visita Portugal, confessa que cada vez gosta mais do que vê. “Noto que as pessoas do Ribatejo são mais simpáticas do que as de Lisboa ou do Porto”, afirma.
O projecto que realizou para encontrar medidas de combate à desertificação foi um grande desafio. A solução, segundo Lara Alvarez, está na consciencialização das pessoas para os problemas. “Reduzir, reutilizar e reciclar são três práticas fáceis de realizar e que podem ajudar a salvar o mundo”, sugere.
Na zona onde vive tem de utilizar os transportes públicos, que nem sempre são de boa qualidade à semelhança do que acontece em alguns pontos do Ribatejo. “Esta condição afasta as pessoas”, sublinha, e afirma que não tem dúvidas que dentro de dezenas de anos algumas aldeias do interior vão desaparecer.
São estas as razões que a fazem querer rumar a Paris quando terminar os estudos, porque é apaixonada pelos monumentos e arquitectura da cidade. “Estou a trabalhar nas vindimas para juntar dinheiro”, diz, para sublinhar que sabe que quando queremos uma coisa temos de trabalhar para a conseguir.

O equilíbrio entre o estudo e o divertimento

Mariana Melo diz que para se ser bom aluno não é preciso ser uma pessoa aborrecida ou passar os dias a estudar. As cerca de três horas por semana que dedica aos estudos chegam e sobram. “Às vezes falto a alguns trabalhos de casa porque andar sempre na linha não tem piada”, brinca, e garante que não perde a oportunidade de mostrar trabalho quando tem de o fazer.
Matilde Oliveira também não é adepta do estudo, embora tenha notas altas. O seu segredo é estar atenta nas aulas e, se tiver alguma dúvida, não ter medo de fazer perguntas. “A pessoa mais ignorante é aquela que não sabe e mesmo assim não pergunta”, sublinha.
Lara Alvarez é uma jovem dinâmica e de vários gostos. Pratica yoga, pilates, dança e patinagem artística. “Ajuda não ter namorado. Tenho mais tempo para mim”, refere. O seu aproveitamento escolar é notável, mas nem por isso passa os dias agarrada aos livros. “É uma questão de organização”, explica.
Em jeito de conclusão, Lara Alvarez desafia os jovens a encararem a vida com tranquilidade porque os estudos são importantes, mas existem outras opções. “O fracasso só existe quando baixamos os braços”, conclui.

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