Não pode haver tréguas na luta contra os jacintos-de-água no Sorraia
Movimento insiste na necessidade de limpeza do rio e também em dar destino adequado às plantas infestantes retiradas do leito e colocadas nas margens.
O movimento Juntos pelo Sorraia insistiu na urgência da remoção diária dos jacintos que continuam a invadir o rio Sorraia, pedindo que seja também encontrada uma solução para os que foram retirados e colocados nas margens.
Sandra Alcobia, bióloga e uma das dinamizadoras do movimento, lamentou que a intervenção “séria e diária” que aconteceu em Outubro e início de Novembro tenha passado a ser “mais pontual, mais junto às pontes”.
O movimento Juntos pelo Sorraia acompanhou na quinta-feira, 16 de Janeiro, uma delegação do Bloco de Esquerda (BE) numa visita a dois pontos do Sorraia no concelho de Benavente, ao Trejoito, onde um manto acastanhado de jacintos “não deixa ver que ali passa um rio”, e à Torrinha, onde são visíveis nas margens montes da planta, com vários metros de altura, e onde uma máquina da associação de regantes continua a retirar jacintos do rio, junto à ponte.
“Podemos verificar e dizer que quase parece que o trabalho não foi feito, porque estamos a falar de milhares de pés de jacintos, uma rede gigantesca que estava a cobrir o rio e que, à medida que a própria água os vai soltando, vão avançando e vão chegando cada vez mais para jusante”, salientou Sandra Alcobia.
Para a bióloga, é “urgente que o trabalho seja diário, que se continue com a remoção mecânica que está a ser feita, apesar de não ser a ideal”, já que “os propágulos se vão partindo, vão quebrando e vão dar origem a novas plantas”.
Um trabalho que vai durar anos
Salientando a área extensa que está em causa, de dezenas de quilómetros, dada a quantidade de afluentes, também já “completamente contaminados”, Sandra Alcobia alertou para a consciencialização de que este é um trabalho que vai demorar muitos anos.
“Se imaginarmos que cada semente tem uma duração de vida de perto de 20 anos, imaginem agora todo este banco de sementes que aqui está acumulado, com toda esta montanha de jacintos que estão a ser retirados de junto das pontes”, disse, pedindo que seja encontrada uma solução também para este material.
“Deixar o jacinto na margem não é de todo uma solução”, disse, deixando como sugestão o aproveitamento pelas empresas que estão a surgir para a recolha selectiva de compostos orgânicos (para compostagem) ou a análise de soluções encontradas em vários países.
Na nota em que divulgou a visita de quinta-feira, o BE acusou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, de ter mentido no parlamento, quando afirmou que o Sorraia está limpo.