É um caso de provincianismo ridículo, que vem na linha da reabilitação dos fenómenos do Entroncamento como grande referência cultural do Entroncamento. A câmara municipal, liderada por Jorge Faria (PS) , após a inauguração do cine-teatro S. João, em Novembro do ano passado, está a promover até Junho, visitas guiadas ao mesmo, apresentando-as como, e cito: “uma excelente oportunidade de passar pelo palco, bastidores e camarins deste novo espaço cultural”.
O novo cine-teatro S. João não é uma sala com história a nível de espectáculos. O único artista com algum nome a subir ao palco, para além do presidente da câmara e da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, que o inaugurou, foi o cantor João Pedro Pais. Passear por um palco, pisado por tão famosas personagens, ou visitar os camarins onde elas se pentearam e as sanitas onde se possam ter sentado, será assim tão emocionante e marcante? Além disso, a sala não foi desenhada por nenhum arquitecto ilustre, nem sequer dos nacionais. É uma sala vulgaríssima.
O Entroncamento esteve sem uma sala de espectáculos durante dez anos. Em 2013, quando foi eleito pela primeira vez, Jorge Faria, não considerou a requalificação da sala como prioritária, com o argumento que apenas eram necessários pequenos arranjos. Os pequenos arranjos acabaram por dar lugar a uma grande remodelação que ficou em cerca de um milhão e meio de euros, uma verba que teve 85% de financiamento comunitário. Sem capacidade para ter uma programação à altura e recusando contratar um programador cultural, o autarca e os seus vereadores mostram aquilo que valem através da parolice das visitas guiadas.
Rui Ricardo