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Ambição e esforço fazem de Sofia Duarte uma campeã no atletismo

Sofia Duarte, 24 anos, sagrou-se recentemente vice-campeã nacional nos 200 metros em atletismo. A atleta de Vila Chã de Ourique esteve cinco anos ligada ao Sporting Clube de Portugal, mas nunca perdeu a ligação ao Cartaxo, onde treina e é conselheira dos jovens que, tal como ela, sonham vingar na modalidade. Em entrevista a O MIRANTE garante que o livro das suas conquistas ainda não está fechado porque a ambição e a sede de vencer permanecem intactas.


Sofia Duarte é, aos 24 anos, uma das mulheres mais velozes do país. As recentes conquistas nos Campeonatos de Portugal de Atletismo comprovam-no: sagrou-se vice-campeã nos 200 metros e foi medalha de bronze na prova de 100 metros. Percorreu as distâncias entre os 10 e os 25 segundos. Nesse curto espaço de tempo o cérebro desliga e só há uma voz de incentivo que reconhece no meio de centenas de pessoas: a do seu treinador de sempre, Pedro Barbosa.
Foi Pedro Barbosa que reparou, há cerca de 15 anos, no potencial de Sofia Duarte. A primeira vez que a viu correr tinha Sofia 9 anos, as coisas não correram da melhor forma. A atleta, natural de Vila Chã de Ourique, Cartaxo, desistiu a meio de uma prova de 400 metros, mas os primeiros 200 foram tão rápidos que deixou toda a gente de boca aberta. A partir desse dia Sofia prometeu ao seu treinador, e a si própria, nunca mais desistir e trabalhar para um dia tornar-se atleta profissional.
O MIRANTE conversou com Sofia Duarte, numa tarde de quinta-feira, na pista de atletismo do Estádio Municipal do Cartaxo. É naquela pista que treina, desde sempre, duas vezes por dia. Embora tenha estado a competir, nos últimos 5 anos, com o emblema do Sporting Clube de Portugal ao peito nunca quis perder a ligação às origens. “Aqui sinto-me em casa. Gosto das pessoas e sinto que posso ser uma referência para os jovens que estão a começar na modalidade”, afirma.
Quando o nosso jornal falou com Sofia Duarte pela primeira vez, há oito anos, a atleta tinha dois objectivos e um sonho: correr nos campeonatos da Europa e do Mundo e garantir uma participação nos Jogos Olímpicos. “Só faltam os Jogos para cumprir o meu sonho. Se mantiver os pés assentes na terra e continuar a trabalhar sei que consigo lá chegar”, assegura. No entanto, a jovem reconhece que se pode considerar uma mulher feliz, e grata, por já ter vivido experiências únicas.

AS INCERTEZAS
E O APOIO DA FAMÍLIA
O caminho de Sofia Duarte até ao alto rendimento foi longo e sinuoso. Antes de assinar contrato profissional com o Sporting foi atleta do Ateneu Artístico Cartaxense e da Escola de Atletismo Rui Silva. Em adolescente aconteceu-lhe várias vezes meter o equipamento dentro do saco e faltar ao treino. Foi nessa altura, quando o seu corpo assumiu formas de mulher adulta, que viveu períodos de insegurança e de falta de auto-estima. “Ainda hoje sinto, por vezes, que não vejo em mim aquilo que os outros vêem. Tenho trabalhado muito para aprender a controlar as emoções porque sem esse controlo não há rendimento”, explica.
Apesar das angústias, a capacidade de resiliência e determinação falaram sempre mais alto. Aprendeu a ver os obstáculos como motores para a sua evolução no atletismo e, nas alturas em que fracassava, aprendia com os erros para não voltar a cometê-los. “Continuo a ter maus momentos e a ficar chateada quando falho. Mas agora acredito em mim e preocupo-me mais com os aspectos positivos”, garante.
A família desempenha um papel muito importante no crescimento de Sofia como atleta e como pessoa. Os seus pais e irmã têm sempre palavras de ânimo nos momentos mais difíceis. O companheirismo do marido, com quem casou há um ano, dá-lhe segurança para continuar a perseguir o seu sonho. “Quando casei não fui de lua-de-mel para ir competir na Taça das Nações. A excelência no desporto exige sacrifícios”, sublinha.
O atletismo para Sofia Duarte é um vício; uma “droga” que lhe dá forças para continuar a buscar a perfeição; em que a dor é um alívio e a mente a sua única adversária. “Estou satisfeita com o meu percurso mas sei que ainda há muito mais para conquistar. O meu livro ainda não está fechado”, conclui.


“O atletismo não paga as contas”

Sofia Duarte terminou há cerca de um mês uma ligação de cinco anos com o Sporting. Representar o maior clube de atletismo feminino da Europa foi um orgulho, mas a sua saída deixou-lhe um sabor agridoce. “O facto de ter optado por treinar no Cartaxo tirou-me alguns privilégios que as minhas colegas têm por viverem em Lisboa”, lamenta. É com alguma frustração que Sofia afirma que o atletismo ainda é um desporto remetido para segundo plano e que não paga as contas do dia-a-dia. “Sou profissional, represento o meu país além-fronteiras, e ganho menos do que alguns jogadores de futebol a competir nas divisões distritais”, declara.
Esta condição, e a paixão por crianças, ditaram o seu destino como professora. Lecciona Actividade Física e Desportiva em várias escolas do concelho do Cartaxo e é treinadora de atletismo dos escalões mais jovens. “Acredito que posso fazer a diferença na vida destas crianças”, afirma.

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