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O sonho de poder ir com a família  a um restaurante da moda  sem ter que vender o carro

Camarada Manuel Serra d’Aire
Peço-te encarecidamente que nunca me trates por colega. Não é que sejas utilizador regular desse termo mas mais vale prevenir do que remediar, depois de ter sabido que essa palavra caiu em desgraça graças a alguns professores do Politécnico de Tomar. Os docentes censuraram o director dos serviços sociais do instituto por os tratar por colegas numa correspondência interna e um deles, de tão ofendido, até avisou o remetente que preferia que o tratassem por “funcionário público”. Isto é para teres ideia do ponto a que coisa chegou. Pouco faltou para chegar ao nível Hiroxima…
Para quem diz que a nossa comunidade académica é cinzentona e acomodada aqui fica a prova de que nesses meios também podem germinar revoluções, nem que seja nos costumes. O desterro do vocábulo colega da comunicação entre funcionários da mesma instituição é também um importante contributo para a revolução do acordo ortográfico interno, porventura a mais ousada desde que telephone passou a escrever-se telefone ou pharmácia passou a farmácia.
Colega, que nos velhos dicionários de português queria dizer amigo, camarada, companheiro, pessoa que pertence à mesma colectividade ou que exerce a mesma profissão, é, graças à comunidade docente do Politécnico de Tomar, uma classificação aparentemente execrável. Logo, se não serve para professores também não deve servir para o resto, com a devida excepção à regra. A isto se chama igualdade. Ou seja, volta-se à velha, gasta e discriminatória fórmula “colegas são as putas”, mas agora atestada cientificamente por reputados professores doutores.
Tenho assistido entre o angustiado e o comovido à rebelião dos donos dos restaurantes por causa da pandemia e das restrições ao funcionamento impostas pelo Governo. Estou solidário com quem me ajuda a viver bons momentos de convívio e a degustar apetitosos petiscos e espero que o Governo também esteja. E tenho esperança também que alguns destes chorosos empresários de restauração, quando a tormenta passar, ganhem vergonha dos preços exorbitantes que habitualmente praticavam, para que todo o comum mortal que agora vai contribuir para esse peditório possa um dia ir lá provar os dotes culinários dos seus criativos chefs sem terem que vender o carro. É uma questão de elementar justiça, porque ou há moralidade ou comem todos.
Há umas semanas, um homem interrompeu uma missa matinal no Entroncamento para se manifestar contra a presença da Igreja Católica em África. Houve quem ali descortinasse um fundamentalista de outra crença religiosa que, embora com métodos mais cavalheirescos do que o usual, decidiu manifestar do púlpito onde se lêem as epístolas o seu antagonismo à concorrência no sempre competitivo mercado da salvação das almas. Afinal, segundo afirmou a PSP, o homem terá agido sob o efeito do álcool e manifestado rapidamente o seu arrependimento. Fico tão satisfeito por saber que ainda há explicações simples e finais pacíficos para actos meio tresloucados que até me apetece dar graças a Deus...
Saudações virais do
Serafim das Neves

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